Países e corporações têm vindo a público prometer políticas climáticas audaciosas e neutralidade climática em um futuro próximo. Damian Carrington, no The Guardian, ensina como identificar compromissos reais e críveis e outras jogadas para a plateia e consumidores. Uma boa regra é examinar se o compromisso explicita o montante de emissões a serem reduzidas, se este montante é significativo e se a curto prazo. Além de verificar se o proponente não está acelerando o aquecimento global em outra atividade ou lugar.
Como exemplo, Carrington analisa o recente anúncio do premiê britânico, Boris Johnson, segundo o qual o país reduziria 78% das suas emissões até 2035. Acontece que, ao mesmo tempo, o país está expandindo a malha rodoviária, encerrou um programa de eficiência energética, cortou subsídios a carros elétricos, não conseguiu ou quis parar a expansão de aeroportos e não parou a exploração de uma nova mina de carvão.
Ele também olha para o caso da China, país que prometeu a neutralidade em 2060, mas que toda semana inicia a construção de uma nova e grande térmica a carvão.
As petroleiras também mereceram destaque por anunciar metas ambiciosas e planos mirabolantes de compensação, sem deixar de aumentar a produção e a exploração de novas reservas.
Carrington ainda gira sua metralhadora na direção das promessas tecnológicas de captura e armazenagem de carbono feitas pelo mundo financeiro, o qual não pára de subsidiar investimentos em combustíveis fósseis e promover mercados de carbono com créditos de duvidosa reputação.
O artigo não inclui no rol do greenwashing o compromisso de Bolsonaro de reduzir o desmatamento e de neutralizar as emissões até 2050. Mas nem precisava.
ClimaInfo, 10 de maio de 2021.
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