O hidrogênio está na boca do mundo da energia como uma grande fonte para um futuro descarbonizado. Isto é, desde que produzido usando eletricidade renovável para eletrolisar água. Pesquisadores do Instituto Potsdam de pesquisas climáticas (PIK) fizeram simulações e cenários técnicos e econômicos de uma economia de hidrogênio. Em um trabalho que saiu na Nature, eles dizem que juntar hidrogênio e dióxido de carbono produzindo combustíveis para queimar em motores e aquecer edifícios sairá caro e, provavelmente, levará ao consumo de mais combustíveis fósseis, mais baratos. Assim, eles sugerem que esses E-combustíveis sejam usados apenas em aplicações nas quais a substituição dos fósseis for muito difícil, citando como exemplo, a indústria siderúrgica, a aviação e o transporte de carga a longas distâncias. Pelas contas apresentadas, um cenário para meados do século, com o hidrogênio implantado em escala global, equivaleria a um custo de até € 270 por tonelada de carbono evitado. Hoje, na Europa, o preço da tonelada de carbono acaba de passar a marca de € 50. A recomendação é usar a eletricidade diretamente para movimentar pessoas e materiais e para gerar calor para edificações e processos industriais.
Segundo Damian Carrington, do The Guardian, os críticos do hidrogênio e, em especial, dos E-combustíveis dizem que eles podem servir para manter a economia na dependência dos fósseis, posto que motores e queimadores continuariam a ser empregados como nos dias de hoje.
Em tempo: As fontes renováveis deverão responder por 74% da matriz energética global em 2050, disse a Rystad Energy em um webinar na semana passada. A projeção é bem maior do que a última da Agência Internacional de Energia (35%) e as dos cenários mais agressivos das petroleiras Equinor (43%), Shell (45%) e BP (69%). Segundo a Reuters, o CEO da Rystad, Jarand Rystad, disse que era preciso rever tudo que vem sendo publicado, posto que o cenário atual mudou com a volta dos EUA ao Acordo de Paris, os planos anunciados por Biden no mês passado e o número cada vez maior de países se comprometendo com a neutralidade climática por volta de 2050. A Rystad atualizou sua projeção para o petróleo, dizendo que o pico de produção será de 101 milhões de barris por dia em 2026. Depois, a produção começa a cair. Mais detalhes aqui.
ClimaInfo, 10 de maio de 2021.
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