Tensão na Amazônia: ONU cobra de Bolsonaro proteção aos Povos Yanomami e Munduruku

ataques yanomamis

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a representação regional do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) divulgaram uma nota na última 4ª feira (19/5) na qual expressaram “grave preocupação” com os ataques recentes sofridos pelos Povos Yanomami e Munduruku na Amazônia brasileira e cobraram do governo federal que cumpra seu dever de “proteger a vida, a integridade pessoal, aos territórios e aos recursos naturais desses Povos”. No documento, as entidades ressaltaram que seguem acompanhando a situação e argumentaram que os ataques contra os Povos Indígenas são resultado da atuação ilegal de garimpeiros, madeireiros e produtores rurais em seus territórios, sem o seu consentimento. O texto também condena a aprovação do PL 3.729/2004, que flexibiliza o processo de licenciamento ambiental no Brasil, por prejudicar ainda mais a proteção dos direitos básicos dos Povos Indígenas.

No UOL, Gabriel Oliveira descreveu o clima de medo que assombra a comunidade de Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, desde que garimpeiros aparentemente ligados ao tráfico de drogas começaram os ataques armados, no último dia 10. Os Yanomami acusam o governo federal de menosprezar a segurança e a integridade física indígena, enquanto os criminosos se movimentam livremente no território, fortemente armados. Rubens Valente informou no UOL que o Ministério Público Federal (MPF) acusa a União de descumprir uma ordem da Justiça Federal de Boa Vista (RR) para providenciar segurança permanente aos indígenas em Palimiú. Por ora, a presença de forças oficiais tem sido pontual, o que expõe os Yanomami a novos ataques criminosos.

Além da violência, os Yanomami também estão sofrendo com a malária. Segundo dados da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), divulgados pelo Globo, 19 mil casos da doença foram registrados no ano passado, acima dos 17,9 mil em 2019. Esse contingente significa que 67% da população Yanomami foi afetada pela malária, sem considerar as reinfecções. Para piorar a situação, os indígenas não puderam contar com um remédio historicamente útil para tratar a doença – a cloroquina, a mesma medicação exaltada de forma fantasiosa pelo governo Bolsonaro para o “tratamento precoce” da COVID-19.

 

ClimaInfo, 21 de maio de 2021.

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