A difícil descarbonização da siderurgia e da navegação

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Fosse um país, a indústria global do aço seria o terceiro maior emissor do mundo, atrás dos EUA e à frente da Índia. A produção de aço usa carvão mineral como agente redutor do minério de ferro e, também, para o aquecimento do material em seus fornos.

Estima-se que, no ano passado, a indústria tenha emitido 3 GtCO2e (bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente), ou 1,5 vezes as emissões do Brasil, para produzir 1,9 bilhões de toneladas de aço. Substituir o carvão, portanto, é imprescindível para que a indústria contribua com a contenção do aquecimento global.

Uma matéria da C&En aponta que a produção de aço em 2050 deve chegar a 2,5 bilhões de toneladas, mas as emissões não poderão passar de 500 milhões tCO2e, ⅙ das emissões atuais. Essa matéria e outra da Bloomberg analisam os caminhos que a indústria estuda para chegar lá.

As duas principais apostas são o hidrogênio e a tecnologia CCS (captura e armazenamento de carbono). O hidrogênio “verde” viria de eletrolisadores alimentados por fontes renováveis para substituir o carvão. A CCS removeria o CO2 da saída dos fornos e o enterraria. Outra proposta em desenvolvimento dispensa o hidrogênio e usa a eletricidade renovável para reduzir diretamente o ferro, fundindo-o junto com uma mistura de sílica, magnésio e cal.

Um caminho bem mais curto seria aumentar a escala do reaproveitamento de sucata no mundo todo. O desafio é produto do peso do material combinado com a dispersão geográfica da sucata.

A navegação enfrenta o desafio de encontrar um ou mais combustíveis baratos e que tenham densidade energética – em volume e peso – como o óleo pesado usando atualmente. A dupla densidade exige que o novo combustível não poderá ocupar o espaço da carga; exige também que não se queime muito combustível só para movimentar mais combustível.

O hidrogênio não é atraente por ocupar muito espaço, ou exigir pesadas câmaras de alta pressão para manter o gás pressurizado. Um grupo de empresas de navegação está estudando o uso de amônia. Esta matéria da Reuters fala mais desta alternativa. Esta outra matéria fala do empenho conjunto dos EUA, Noruega e Dinamarca na avaliação de um leque de combustíveis, entre os quais a própria amônia e o metanol produzidos a partir de hidrogênio verde, além de outros biocombustíveis de ponta.

 

ClimaInfo, 15 de junho de 2021.

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