Aumento no preço do petróleo anima setor fóssil e preocupa investidores verdes

preço do petróleo

Depois de um ano desastroso, o mercado internacional de petróleo se anima com a valorização recente do barril de combustível, que já recuperou quase 50% das perdas sofridas durante a pandemia. O preço do barril Brent superou os US$ 77 nesta semana e executivos do setor estão otimistas com a possibilidade da cotação chegar aos US$ 100 ainda neste ano, a depender do ritmo de retomada econômica e do avanço da vacinação nos principais mercados do mundo.

A matemática por trás dessa valorização passa tanto pelo aumento da demanda por petróleo, especialmente nos EUA, Europa e Ásia, como também pela oferta ainda restringida pelos limites de produção definidos pela OPEP e seus aliados desde o ano passado. O Financial Times destacou a preocupação de alguns analistas com um cenário de demanda aquecida com oferta restrita, o que pode fazer com que o preço do barril suba ainda mais e impacte a retomada econômica em alguns países. A Bloomberg também mostrou a reação do mercado ao aumento do preço do petróleo.

Por ora, as principais petroleiras ainda enxergam o reaquecimento do mercado de combustível com desconfiança. Para algumas delas, esse movimento corresponde a um equilíbrio do consumo após a redução brutal causada pela pandemia. Ao mesmo tempo, a pressão política e econômica dentro e fora do ambiente corporativo reforça que o aumento dos preços pode ser um “canto do cisne” para o petróleo, a bonança final antes da transição para fontes renováveis de energia. No entanto, alguns investidores por trás da “revolta verde” dentro de gigantes do setor, como Shell e ExxonMobil, têm motivos para preocupação: com o mercado aquecido, o incentivo para essas empresas abandonarem a energia fóssil fica menor. A Bloomberg ouviu alguns deles para apontar caminhos potenciais para aproveitar o momento no sentido contrário – intensificar a transição para energia limpa.

Em tempo: No último fim de semana, os suíços rejeitaram um projeto de lei que praticamente dobraria o atual limite máximo de taxação de carbono para US$234 a tonelada. O projeto também aumentaria o preço da passagem aérea, tanto para voos comerciais como para os jatos particulares. Um comentário da Bloomberg diz que não foi uma derrota para a ambição climática suíça, mas um voto contra o modo proposto pelo governo. A notícia também saiu no Le Monde e na Reuters.

 

ClimaInfo, 16 de junho de 2021.

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