Mesmo com risco de apagão, governo rejeita editar MP para racionamento elétrico

Crise hídrica MP Eletrobras

O ministro de minas e energia, Bento Albuquerque, segue negando qualquer possibilidade do governo federal impor um racionamento de energia elétrica, mesmo com o risco crescente de colapso na geração hidrelétrica. Em comentário feito a jornalistas nesta 2ª feira (21/6), pouco depois da aprovação da MP da Eletrobrás pela câmara dos deputados, Albuquerque disse que o governo prepara uma MP sobre a “governança da crise hídrica”, para “dar mais segurança jurídica” ao setor, sem dar maiores detalhes.

No entanto, a incerteza persiste. O Valor destacou que duas usinas termelétricas a carvão no Rio Grande do Sul, que somam 695 megawatts (MW) de capacidade instalada, passarão por manutenção entre os meses de setembro e novembro, no auge do período de estiagem. Isso acontecerá mesmo depois do Operador Nacional do Sistema (ONS) indicar que manterá ativo praticamente todo o parque de geração térmica do Brasil durante a seca. Questionado sobre isso, o ministro Albuquerque minimizou o risco e garantiu que as medidas de economia de energia a serem implementadas nos próximos meses, junto com o acionamento permanente das termelétricas, atenderá à demanda elétrica no país pelos próximos meses.

A única certeza até agora é que o preço da energia ficará mais salgado para os consumidores. Estimativas da Fundação Getulio Vargas (FGV), citadas pelo Valor, indicam um aumento de 15% na conta de luz a partir de julho, resultado do reajuste do sistema tarifário que está sendo concluído pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Especula-se que o reajuste da bandeira vermelha 2, a mais cara, fique em torno de 60%.

Em tempo: Vale a pena ler a síntese feita por Nadia Pontes na Deutsche Welle sobre a trajetória do Brasil rumo a mais uma crise hídrica e elétrica. Com a pior seca em mais de nove décadas, o país enfrenta dilemas desafiadores que terão repercussão profunda na retomada da economia brasileira pós-pandemia nos próximos anos. Falando em dilemas, José Casado apontou o mais importante e complicado deles na Veja – em um cenário de crise hídrica, quem tem prioridade no uso da água? A agricultura? A indústria? Os consumidores?

 

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ClimaInfo, 23 de junho de 2021.

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