Com crise hídrica, governo Bolsonaro quer acelerar conclusão da usina nuclear de Angra 3

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Em meio à pior seca em mais de nove décadas, o governo Bolsonaro volta sua atenção a um dos projetos mais polêmicos e caros do sistema elétrico brasileiro para ampliar a oferta de energia no país – a usina nuclear de Angra 3.

O empreendimento, que se arrasta há quase 40 anos, está parado desde 2015 devido a acusações de corrupção e superfaturamento. Até o momento, o Brasil gastou R$ 7,8 bilhões na obra, que está 65% finalizada; para concluir a usina, o governo calcula que serão necessários outros R$ 15 bilhões.

A Deutsche Welle fez um panorama da situação de Angra 3 e dos planos do governo federal para terminar a obra. Além do custo exorbitante, a usina também levanta dúvidas sobre a segurança do projeto, que é basicamente o mesmo definido em 1984 junto com os parceiros do Brasil da antiga Alemanha Ocidental. A aprovação de um projeto como o de Angra 3 seria inviável na Alemanha de hoje por “não corresponder à situação atual no campo da ciência e da tecnologia”, como explicou o engenheiro Dieter Majer à reportagem.

Enquanto isso, os níveis dos reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste seguem caindo: segundo O Globo, a média está em 29,47%, somente 0,76% acima do observado em 30 de junho de 2001 – quando começou a crise que resultou no racionamento elétrico sob o governo FHC. Neste mês, os reservatórios desses subsistemas tiveram uma redução de 2,64% nos estoques de água.

Por ora, o governo federal segue rejeitando qualquer possibilidade de racionamento no Brasil nos próximos meses. O secretário de energia elétrica do MME, Christiano Vieira, afirmou que a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) está trabalhando com um possível esquema de “bonificação” para os consumidores que conseguirem reduzir a demanda elétrica durante a crise, especialmente aqueles de grande porte. O Poder360 deu mais detalhes. Já Luiz Antonio Barroso, presidente da consultoria PSR e ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) foi menos otimista em entrevista a’O Globo: para ele, o Brasil até pode escapar de um eventual racionamento, mas o risco de “apagões” – ou seja, desligamentos no sistema elétrico – é bem real.

 

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ClimaInfo, 29 de junho de 2021.

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