MP da crise hídrica ganha 248 jabutis e promete polêmica

MP crise hídrica

Os jabutis da MP da Privatização da Eletrobras deixaram escapar da lâmpada o desmonte do planejamento do setor elétrico: térmicas a gás em locais sem gasoduto e caríssimas PCHs ganharam mercado cativo.

Jabutis também estão subindo na MP da crise hídrica. O Valor constatou que a MP da crise hídrica, assinada na semana passada, já tem 248 jabutis colocados pelos senhores deputados.

Por exemplo, há emendas propondo revogar a privatização da Eletrobrás. E o lobby do carvão voltou à carga prorrogando o subsídio à queima do combustível fóssil até 2035. Há também emendas priorizando as renováveis e até criando uma reserva de mercado para as fotovoltaicas, e outra para as térmicas a bagaço de cana.

Aumentar a capacidade instalada por decreto é péssimo, mas não é ilegal. Como não dá para aumentar a demanda por decreto, alguma hora sobrará capacidade e corre-se o sério risco de pagarmos alguém para não gerar.

No Poder 360, João Paulo Kupfer comenta a mentira e o negacionismo que caracteriza o atual governo, tanto em relação à pandemia quanto na gestão da tremenda crise hídrica que bate à porta. Ao tentar esconder a gravidade da situação, o governo “está assumindo risco elevado de, como no macabro caso da pandemia, não salvar a economia, nem os índices de aprovação de Bolsonaro.”

A Folha conversou com a equipe do ministério de Guedes que está acompanhando o impacto na inflação do aumento da tarifa elétrica e os desdobramentos da crise hídrica, posto que a expectativa era a de que a recuperação da economia se aceleraria.

O ministério da infraestrutura está preocupado com a hidrovia Tietê-Paraná, a qual, segundo o Globo Rural, corre o risco de ser fechada para priorizar o uso da água para a geração elétrica. Na última vez em que isso aconteceu, houve filas quilométricas de caminhões trazendo soja do Centro-Oeste.

O Valor publicou duas matérias sobre a preocupação da indústria com a falta d’água e o aumento da tarifa de energia. A indústria química e a de celulose e papel são assunto da primeira. O setor de metais é assunto da segunda.

Do lado cheio do copo, o pessoal da XP, segundo a CNN e o Valor Investe, não parece preocupado. Dizem que a diversificação de fontes de geração e os investimentos feitos em transmissão indicam que não passaremos apertos. Se é verdade, porque o aumento na tarifa?

 

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ClimaInfo, 5 de julho de 2021.

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