Em meio a desastres climáticos, Europa vislumbra próximos passos de seu ambicioso plano climático

Europa eventos climáticos extremos

Depois de apresentar seu pacote de ações e metas para combater a mudança do clima na próxima década, a União Europeia entra agora em uma fase delicada de negociação com os governos dos países membros e os setores econômicos afetados para conseguir sua aprovação.

Mesmo com eventos climáticos extremos recentes, como as chuvas na Alemanha, Bélgica e Países Baixos, e os incêndios no Mediterrâneo e na Rússia, diversos obstáculos persistem no caminho da implantação do novo plano climático europeu.

O Financial Times ressaltou a desconfiança de países-chave da UE, como França e Itália, quanto ao pacote de ação climática do bloco. Parte da desconfiança se deve à proposta da Comissão Europeia de incluir os setores de transporte e edificações no esquema de precificação de carbono via comércio de emissões. Para esses governos, a inclusão ameaça impor preços mais altos para os setores sociais mais pobres e vulneráveis, que seriam penalizados pelo novo sistema.

Na Bloomberg, Kate Mackenzie também apontou a resistência política e econômica ao pacote climático europeu, mas ressaltou o seu impacto potencial no impulsionamento da descarbonização da economia global, principal meta climática da UE e de diversos países para meados deste século. Para ela, o plano europeu é o mais ambicioso já apresentado por uma potência mundial, mesmo que, em si, não esteja plenamente alinhado àquilo que deve ser feito para conter o aquecimento neste século em 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.

Ativistas climáticos ficaram insatisfeitos com a estratégia da UE para o setor florestal. A despeito do bloco prever o plantio de 3 bilhões de árvores no continente europeu até 2030, o plano não proíbe a indústria de biomassa de extrair madeira de florestas primárias. “A Comissão Europeia escolheu sacrificar as florestas ao invés de admitir que a atual política de bioenergia da UE está piorando a crise climática”, contestou Lina Burnelius, do projeto Protect the Forest Sweden, ao Guardian. “Chega de queimar. Não podemos simplesmente passar da queima de um combustível fóssil para outro [igual]”. Camila Souza Ramos também abordou esse ponto no Valor.

 

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ClimaInfo, 19 de julho de 2021.

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