Na Folha, Fabiano Maisonnave trouxe uma história revoltante. O coordenador da FUNAI no Vale do Javari (AM), o tenente da reserva do Exército Henry Charlles Lima da Silva, encorajou líderes do Povo Marubo a atacar indígenas isolados caso sejam “importunados” pelo grupo.
“Eu vou entrar em contato com o pessoal da Frente [de Proteção Etnoambiental] e pressionar: ‘Vocês têm de cuidar dos índios isolados, porque senão eu vou, junto com os Marubos, meter fogo nos isolados’”, disse Henry, segundo áudio obtido pela reportagem, gravado durante uma reunião na aldeia Vila Nova no final de junho. Henry também criticou o trabalho de entidades representativas dos Povos Indígenas, como a APIB, que impediriam o governo federal de atuar na região “por questões ideológicas”.
Enquanto a Funai é desmoralizada pelo governo Bolsonaro, as Terras Indígenas estão mais vulneráveis do que nunca ao avanço da agropecuária. Ana Ionova destacou no Mongabay como o boom recente das commodities no mercado internacional está causando o desmate de novas áreas, cada vez mais próximas de reservas indígenas, para cultivo de soja. Junto com a chegada da fronteira agrícola, os indígenas sofrem também com a fumaça das queimadas realizadas para “limpeza” dos terrenos desmatados.
Em tempo: A “boiada” antiambiental foi assumida pela bancada ruralista no Congresso Nacional, que aproveitou a aproximação política do governo Bolsonaro com o centrão para atropelar questões ambientais em favor de projetos polêmicos, como a flexibilização do licenciamento ambiental, a regularização fundiária e a legalização da mineração em Terras Indígenas. No entanto, como André Lima escreveu no Estadão, uma parte do agronegócio brasileiro começa a se preocupar com os efeitos do “ogronegócio” sobre a competitividade no exterior. “Estamos assistindo de fato a semeadura de uma bancada ESG do Agronegócio responsável que se diferenciará do velho e tosco ‘Ogronegócio’?”.
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ClimaInfo, 23 de julho de 2021.
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