Nova iniciativa tenta zelar pela integridade do crédito de carbono

créditos de carbono

Depois de uma enxurrada de críticas ao recente relatório de uma força-tarefa criada para alavancar os mercados de carbono, foi lançada ontem a VCMI (sigla em inglês da Iniciativa pela Integridade dos Mercados Voluntários de Carbono). A principal crítica era a de que compensar emissões elimina ou alivia a obrigação de eliminá-las, quando esta deveria ser a principal meta. A VCMI elenca 10 prioridades, exatamente para dar conta desta e de outras críticas. Para usar um crédito de carbono do mercado voluntário, uma empresa deve mostrar que está reduzindo de verdade as emissões da sua cadeia de valor, e os resultados devem ser apresentados de forma transparente. Também deve mirar o curto prazo – de preferência antes de 2030. A publicação apresenta um conjunto de documentos contemplando  princípios e visões, governança e estudos de caso — os detalhes podem ser encontrados no website da iniciativa.

Ainda parece haver lacunas a preencher. Por exemplo, o documento de princípios menciona a geração a carvão e a óleo dizendo que só plantas que compensarem suas emissões deveriam continuar operando após 2040, quando sabidamente não deveria haver nenhuma. Também não há menção às plantas queimando gás natural. E percebe-se um forte apoio aos créditos de carbono de florestas – seja para protegê-las, seja para restaurá-las ou para plantar outras florestas no lugar.

Os créditos de carbono atrairão, certamente, as atenções na Conferência do Clima que se aproxima. Caroline Prolo, fala no Valor Investe das expectativas e da história desse tema, e explica os pontos mais importantes e quais as visões divergentes na mesa de negociações. Ela toca em um ponto-chave: se a Convenção do Clima deve incluir as transações realizadas nos mercados voluntários, entre empresas privadas. “O orçamento de carbono global é um só”, e a Convenção foi criada exatamente para zelar por ele. Assim, “a resposta é sim: todas as transferências internacionais de unidades de redução de emissões/remoção de GEE precisam ser contabilizadas nos orçamentos de carbono geridos no âmbito da Convenção”.

 

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ClimaInfo, 30 de julho de 2021.

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