Houve um silêncio “quase ensurdecedor” por parte de petroleiras e carvoeiras na resposta ao relatório do IPCC. Os poucos agentes que comentaram, como a API (sigla em inglês do Instituto Americano do Petróleo) e a indústria canadense que explora os sujíssimos óleo e gás de xisto, repetiram a ladainha da necessidade que o mundo terá de petróleo e gás por muito tempo.
Kevin Crowley, na Bloomberg, escreveu sobre estas e outras reações dos responsáveis pela principal matéria-prima das mudanças climáticas. Também na Bloomberg, Noah Smith apresenta uma visão mais otimista. Para ele, a queda do preço das renováveis mostra que o obstáculo para uma transição energética não é a viabilidade econômica, mas, sim, o poder político e econômico das petroleiras e carvoeiras. No mesmo tom, matéria do Financial Times tem o sugestivo título de “A dissonância cognitiva das grandes petroleiras”.
O mundo ESG, sigla que abarca as posições das corporações frente ao meio ambiente, o social e a governança, também foi posta em cheque. Enquanto o imperativo de parar de queimar fósseis é para o curtíssimo prazo, o mundo financeiro é o único que tem as condições e a responsabilidade de olhar para além de 2050, diferentemente da busca dos rápidos retornos de praxe . Este é o recado dado tanto por artigos publicados pela Bloomberg quanto pelo Financial Times.
Ainda sobre o mundo financeiro, Ross Kerber, na Reuters, diz que os fundos verdes precisam ganhar muito mais corpo para serem realmente relevantes para o enfrentamento da crise climática.
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ClimaInfo, 11 de agosto de 2021.
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