Finalmente o governo federal admite que crises hídrica e elétrica são sérias

crise hídrica e crise do setor elétrico

No dia 21 de junho, o ministro de minas e energia foi à televisão avisar que estávamos enfrentando uma crise hídrica. Naquele dia, os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste estavam com 29% da sua capacidade.

Pelo acompanhamento dos dados públicos feito constantemente pelo ClimaInfo, o governo já sabia que o máximo que o que os reservatórios tinham alcançado mal passava de 35%, o enchimento mais baixo desde 2010, pelo menos. Nesses mais de 2 meses, muita gente veio a público dizer que o governo precisava ser transparente e informativo e que deveria começar a tomar medidas enérgicas rapidamente. Ontem o governo anunciou que o problema tinha piorado. De fato, o nível estava em 24%, algo previsível lá atrás.

Enquanto o país perdeu 2 meses e muita água, a conta de luz aumentou. Ontem, o ministro voltou a dizer que não há no horizonte cenário de racionamento. Ontem, também o governo pediu à administração pública federal que economizasse energia e definiu uma meta de redução deste consumo entre 10% a 20%, sem explicar de onde viriam os recursos para trocar equipamentos e pagar os serviços envolvidos. A notícia foi destaque em dois artigos na Folha, Veja, UOL e epbr.

O Globo informou que o governo está desengavetando projetos binacionais: uma hidrelétrica na Bolívia, um gasoduto com a Argentina e outras ideias que levam anos para serem implantadas.

Por outro lado, a crise está servindo para dar destaque às fontes renováveis de energia. Gabriela Ruddy, no Valor, escreve sobre o interesse de investidores e as perspectivas de fusões e aquisições de projetos e empresas do setor. Letícia Fucuchima, também do Valor, entrevistou o CEO da francesa Engie. A empresa tem planos de expansão do seu parque eólico e solar. A matéria cita que a Engie está vendendo suas térmicas a carvão, uma decisão que “limpa a barra” da empresa e contribui zero para conter o aquecimento global.

E o presidente da Eletronuclear declarou que a energia nuclear pode ser usada para gerar calor industrial e para a cogeração. A notícia saiu no Valor. A declaração é estranha, porque a indústria mais próxima das usinas de Angra fica a mais de 100 km de distância, o que muito dificilmente propicia o aproveitamento do calor.

 

ClimaInfo, 26 de agosto de 2021.

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