O mundo ESG esgarça a cada abalo na credibilidade dos compromissos 

ESG net zero COP26

Na Alemanha, uma investigação sobre o braço de sustentabilidade do Deutsche Bank está revelando inconsistências na alegação de que metade dos US$900 bilhões aplicados em ativos foram escolhidos usando critérios de ESG (meio ambiente, sociedade e governança). Uma matéria do Financial Times aponta que investigações deste tipo desmascarariam praticamente qualquer grande investidor europeu. Desta maneira, a credibilidade de promessas do tipo despenca, levando de roldão iniciativas louváveis.

Na Holanda, a agência reguladora de propagandas avisou a Shell para parar a campanha oferecendo compensação de emissões de quem pagasse um adicional na bomba. Para isso, prometia plantar árvores. A agência aceitou o argumento de que ela não consegue comprovar que houve realmente remoção de CO2 da atmosfera. Notícia da Bloomberg.

Ajudar o cliente a emitir menos é uma iniciativa da 4ª maior exportadora de minério de ferro do mundo, a Fortescue. Ela está investindo 10% do lucro anual na produção de hidrogênio e amônia a partir de renováveis para ajudar as siderúrgicas clientes a reduzirem suas emissões. A Bloomberg também deu esta notícia.

Um longo artigo assinado por Policy Tensor fala da história e a relação de economistas e das elites como base para sua crítica em relação à precificação das emissões. “Precificar o carbono é uma solução tecnocrática e limpa somente no mundo simples dos modelos econômicos onde os agentes são atores puramente econômicos com funções de utilidade normais. O fato de que as pessoas reais no mundo também são atores políticos é ignorado em todos os modelos econômicos.” A mensagem dele é clara: “Para fazer a transição para uma economia de baixo carbono, não se pode se basear na falsa promessa do mercado, precisamos de leis e regulamentos, de forças-tarefas operacionais e financeiras.”

Caroline Prolo, no Valor, e Marcelo Furtado, no Um Só Planeta, também falam de exigências rigorosas para evitar que ciência e conhecimento percam credibilidade por conta de quem acha que enganar é sustentável.

 

ClimaInfo, de setembro de 2021.

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