Sem Brasil, Argentina e Chile lideram articulação latino-americana para a COP26

América Latina agenda climática

Destacamos aqui o desinteresse do governo Bolsonaro em um encontro de alto nível sobre clima promovido pela Argentina na semana passada. O objetivo da conferência virtual de líderes políticos da América Latina, da qual o presidente brasileiro não participou, foi alinhar os esforços e os interesses dos países da região na agenda climática antes da próxima Conferência da ONU sobre Clima (COP26). O evento contou com a participação de John Kerry, enviado especial dos EUA para o clima, e Alok Sharma, futuro presidente da COP. Fermín Koop deu mais detalhes sobre o encontro no Diálogo Chino.

Em outra frente, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, se encontrou na 6a feira (10/9) com o premiê britânico Boris Johnson. De acordo com a EFE, o principal tópico da conversa foi a COP26 e a necessidade que o mundo tem de intensificar esforços para evitar uma piora da crise climática. “Decidimos unir forças, fazer um esforço conjunto para que em Glasgow mudemos o curso da história e consigamos compromissos fortes e reais dos países para evitar uma rota de colisão em direção a um holocausto ambiental”, declarou Piñera em nota.

O governo britânico também dobrou seus esforços para convencer a China a se comprometer com metas climáticas mais ambiciosas antes da Conferência de Glasgow. De acordo com o Guardian, o presidente chinês Xi Jinping participará de um encontro de alto nível paralelo à Assembleia Geral da ONU na semana que vem em Nova York, promovido pelo Reino Unido e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.

Sobre os chineses, o líder português reafirmou a importância da cooperação climática entre todos os países e alertou que essa agenda não pode ser prejudicada por tensões comerciais ou políticas entre os países – uma alusão às declarações recentes de representantes dos EUA e da China sobre o impacto de seus problemas bilaterais na cooperação entre os dois países na questão climática. A Reuters deu mais detalhes.

Por outro lado, os britânicos seguem sendo pressionados e criticados por sua postura ambígua nos meses que antecedem à COP26. O Guardian revelou que ministros do gabinete de Johnson se encontraram com empresas fósseis nove vezes mais do que com empresas de energia limpa nos últimos anos. Para ambientalistas, a informação apenas reforça a falta de compromisso efetivo do governo britânico com a ação climática.

Em tempo: Com o governo brasileiro isolado nas conversas internacionais anteriores à COP26, lideranças empresariais e da sociedade civil querem se descolar de Bolsonaro e mostrar que o Brasil quer agir contra a mudança do clima. Folha e Valor destacaram a proposta da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, que quer levar a Glasgow um documento com propostas para proteção da floresta e desenvolvimento sustentável em todo o país. Ao mesmo tempo, o Metrópoles mostrou a movimentação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que também quer apresentar na COP26 ações e práticas sustentáveis que estão sendo estudadas e adotadas pela indústria brasileira em áreas como transição energética, precificação do carbono e economia circular.

Em tempo: Ainda sobre as ações pelo clima da sociedade brasileira, vale dar uma olhada no site do Brazil Climate Action Hub, espaço que na COP25, em Madrid, representou o país, dada a ausência de um espaço do governo brasileiro naquela oportunidade. O Hub promete voltar maior e mais internacionalizado na COP26, e o novo site já dá boas pistas do que acontecerá no Hub em Glasgow.

 

ClimaInfo, 13 de setembro de 2021.

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