A crise energética já é global e ameaça os planos climáticos

crise energética global

Os preços do gás natural e do carvão seguem subindo no mundo todo por causa do aumento da demanda gerado pela recuperação das economias pós-pandemia e de combinações singulares na oferta. Segundo a Bloomberg, houve redução por parte de grandes produtores como Rússia, Noruega, Nigéria e Trinidad e os estoques estão mais baixos por conta do rigor do inverno passado. Para piorar, os ventos no Mar do Norte estão mais fracos este ano. De acordo com a Nasdaq, o Brasil está contribuindo para a crise mundial ao pagar preços maiores pelo gás de fracking americano que, normalmente, iriam para a Europa. E nada indica que nossa demanda diminuirá nos próximos meses. Com a nossa crise hídrica aumentando a demanda por gás natural a preços cada vez mais altos  (o que pode complicar as pretensões de reeleição de Bolsonaro), Vinícius Torres Freire, na Folha, lista uma série de impactos da alta dos preços pelo mundo e por aqui, diretamente via preço do gás e indiretamente ao importarmos a inflação mundial.

A situação ficará mais aguda com a aproximação do inverno no hemisfério Norte, quando a demanda atinge seu pico anual. Um artigo da Bloomberg diz que a Europa poderá sofrer apagões; fábricas na China poderão fechar em setores de alumínio e de chips para toda a cadeia de eletrônicos; e países como o Paquistão e Bangladesh talvez não tenham caixa para comprar mais carvão. Outra matéria da Bloomberg fala de como a alta do preço do gás natural se espalha por todo o Norte.

A Folha, o Valor, o O Globo, a Reuters, o Financial Times, o Wall Street Journal e a AP deram matérias só sobre a crise na China. A Climate Change News também fala sobre a China e sobre como há gente pedindo para aumentar a importação de carvão para evitar o fechamento de fábricas, mesmo comprometendo as metas climáticas anunciadas recentemente. O Metrópoles fala do impacto da crise na China na economia global.

A Bloomberg deu uma matéria sobre o impacto da alta do preço do carvão na Índia aliado aos estoques baixos no país.

Ainda há quem critique a lentidão para se abandonar os fósseis por mais renováveis e há quem fale exatamente o contrário, que diante da crise, os compromissos climáticos deveriam ser postergados. Por exemplo, o Parlamento Europeu está votando a prorrogação de subsídios fósseis até 2027, segundo o Guardian. Por outro lado, a Reuters conta que Fatih Birol, diretor da Agência Internacional de Energia (IEA), disse que os programas de recuperação verde das economias não são responsáveis pela crise. “É errado e injusto”, disse, “explicar esses preços altos como resultado de políticas de transição para energias limpas.” Sobre o impacto da crise nas ambições climáticas, vale ver as matérias da Climate Home News, do Financial Times, do Washington Post, a de Ewa Krukowska e outra de Therese Raphael, na Bloomberg.

 

ClimaInfo, 29 de setembro de 2021.

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