O peso da crise climática sobre os Direitos Humanos dos mais pobres e vulneráveis

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Vale a pena ler dois artigos publicados nesta 5ª feira (30/9) que tratam da interface entre clima e Direitos Humanos, ainda que por perspectivas diferentes. No UOL Ecoa, Mariana Belmont foi em cheio na hipocrisia que ainda reina em alguns círculos do debate climático internacional, onde diversidade ainda é uma ideia vaga sem reflexo na realidade branca, masculina e desenvolvida.

“Pense na fome, na enchente, no deslizamento de terra, na falta de peixe na pesca, na pouca ou nenhuma água, na escassez da agricultura e adivinhe a cor e o gênero das pessoas que sofrem diariamente com o que acontece no planeta, sem nenhum subsídio ou política pública do governo? A crise climática é racista!”, escreveu. “Por isso, a participação expressiva da sociedade civil na COP26 deveria ser facilitada e esperada, mas não é”.

Já no Guardian, Patrick Verkooijen (Global Center on Adaptation) e AK Abdul Momen (ministro de Bangladesh e presidente do Climate Vulnerable Forum) ressaltaram como a crise climática está atingindo em cheio os Direitos Humanos das comunidades mais vulneráveis e que menos contribuíram para o surgimento do problema.

“O colapso do clima está zombando dos Direitos Humanos”, acusaram. “É hora de jogar holofotes sobre o impacto que a emergência climática está tendo sobre os Direitos Humanos. Isso pode parecer óbvio, mas não está acontecendo”. Para eles, “passou da hora” da ONU nomear um enviado especial para o clima e os Direitos Humanos, alguém para encampar essa questão e destacá-la com governos, empresas e negociadores durante as COPs. “Essa medida pode ser o sinal mais forte da comunidade internacional de que está preparada para estancar a hemorragia de Direitos Humanos causada pela crise climática. Esperamos sinceramente que o seja”.

 

ClimaInfo, 1º de outubro de 2021.

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