Brasil não reconhece conceito de racismo ambiental na ONU

racismo ambiental

Em sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, representantes do governo brasileiro questionaram o uso do termo “racismo ambiental” para abordar a intersecção entre injustiça racial e ambiental.

O conceito serviu de base para um relatório recente do Conselho, que apontou para o uso do racismo como elemento para “normalizar a exploração e o descaso, abrindo oportunidades para se gerar lucro às custas da vida, dos recursos e das terras das pessoas”.

De acordo com Jamil Chade, no UOL, o representante do Brasil no colegiado contestou o termo e seu uso pela ONU. “Notamos que o chamado racismo ambiental não é uma terminologia internacionalmente reconhecida”, tergiversou o diplomata. “Para o Brasil, a discussão sobre a relação entre problemas ambientais e questões sociais, como racismo, deve levar em consideração um enfoque equilibrado e integrado à dimensão social, econômica e ambiental”.

Vale observar que o relatório da ONU cita como exemplo de situação de racismo ambiental o caso das comunidades quilombolas no Brasil.

Na Folha, a líder da APIB, Sônia Guajajara, deixou claro que os grupos indígenas brasileiros levarão a questão do marco temporal e das demarcações de Terras à Conferência do Clima de Glasgow (COP26), para contrapor o greenwashing do governo Bolsonaro. “A legislação ambiental no Brasil está totalmente ameaçada, são mais de 200 projetos de lei no Congresso Nacional que têm foco na flexibilização. É preciso garantir uma legislação ambiental que venha reduzir, acabar com o desmatamento no Brasil”, disse.

A BBC Brasil conversou com o ativista Erick Marky, um dos representantes brasileiros na conferência de jovens sobre o clima realizada na semana passada em Milão. Marky explicou a importância de levar as questões e demandas indígenas para a comunidade internacional em um momento no qual o próprio governo brasileiro se coloca como uma de suas principais ameaças. “Se passarmos a boiada e pensarmos apenas em explorar riquezas agora, possivelmente não teremos um futuro e não vamos mais existir”, alertou.

 

ClimaInfo, 5 de outubro de 2021.

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