Chuvas matam 8 pessoas no Rio de Janeiro, e 1 está desaparecida

chuvas-Rio-de-Janeiro
Reprodução / TV Globo

Endereços diferentes, drama idêntico: temporais expõem despreparo de cidades a eventos climáticos cada vez mais extremos e frequentes e escancaram racismo ambiental e desigualdade social.

“Foi tudo conosco e com Deus, porque infelizmente Japeri é um município que não existe. Nem sequer me chega aqui uma Defesa Civil para coordenar a retirada das vítimas. Um bairro desse, em obra, e não existia uma máquina que pudesse nos ajudar? É um município onde não existe suporte. Sempre foi essa luta, sempre foi essa guerra.”

A fala é de José Carlos Amorim de Oliveira. Ele mora no bairro Vila Carmelita, em Japeri, na Baixada Fluminense, uma das regiões mais pobres do estado do Rio de Janeiro. As fortes chuvas que atingiram a região entre 4ª e 5ª feiras (21 e 22/2) provocaram o deslizamento de uma encosta que derrubou a casa em que um de seus filhos morava e matou seu neto, Calebe, de 1 ano e 8 meses, relata O Globo. O resgate, segundo Oliveira, levou mais de 2 horas para chegar. Enquanto isso, foram os vizinhos que se mobilizaram para revolver os escombros. Assim, conseguiram salvar Jade, a irmã gêmea de Calebe, que já estava morto quando foi encontrado.

Além do menino, mais 7 pessoas morreram no Rio em decorrência das tempestades. Houve uma outra morte em Japeri, duas na cidade vizinha Nova Iguaçu e quatro em Barra do Piraí, no sul fluminense, detalha o g1, incluindo um bebê de cerca de 1 ano.

São tragédias provocadas por chuvas que “não são surpresa”, como disse o prefeito do Rio, Eduardo Paes, em janeiro. Assim como também não é surpresa que tais tragédias sempre ocorrem em áreas carentes. Mais uma vez, os eventos climáticos extremos escancaram o racismo ambiental e as desigualdades sociais.

Na Vila Carmelita, Oliveira contou que a tragédia poderia ter sido maior. Como sua casa alagou, ele e mais 9 parentes foram buscar abrigo na casa do filho, que ainda estava seca. No entanto, quase chegando no imóvel, viu a casa ser soterrada, informa o Metrópoles.

Um deslizamento de terra também foi a causa da morte de Lígia Maria de Carvalho, de aproximadamente 60 anos, em Barra do Piraí, de acordo com o g1. O mesmo desbarrancamento matou outras três pessoas da mesma família, uma delas um bebê de cerca de 1 ano.

Voltando à Baixada Fluminense, um resgate feito durante a enxurrada em Nova Iguaçu foi registrado em vídeo, exibido por g1 e Folha. O auxiliar de logística Marcos Vinícius Vasconcelos, de 20 anos, estava dentro de um ônibus quando percebeu que um carro com uma família dentro seria arrastado pela força das águas. De dentro do coletivo, ele conseguiu salvar a mãe e duas crianças. Imediatamente após o resgate, o carro foi arrastado pela correnteza.

Vasconcelos contou que, depois disso, o ônibus em que ele estava sofreu uma pane por conta da água, e os passageiros ficaram aguardando outro coletivo chegar. Como estava a 20 minutos de casa a pé, ele preferiu seguir por conta própria. Ao chegar lá, encontrou o imóvel inundado, assim como a casa de sua tia, vizinha dele. Ambos perderam móveis e eletrodomésticos.

CNN, Agência Brasil, SBT e O Globo também noticiaram [mais] uma tragédia provocada pelas chuvas no RJ.

 

 

ClimaInfo, 23 de fevereiro de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.