Guerra da Ucrânia, ano III: EUA miram indústria petroleira em nova leva de sanções contra a Rússia

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Bazoozoo / GoodFon

Dois anos após a invasão russa à Ucrânia, os EUA anunciaram sanções contra grupo petroleiro da Rússia e tentam reduzir vendas de petróleo do país. 

O governo dos Estados Unidos anunciou uma nova rodada de sanções econômicas à Rússia, mirando especificamente sua ainda lucrativa indústria de combustíveis fósseis. A notícia foi confirmada no último sábado (24/2), dia em que a invasão da Ucrânia por tropas russas completou dois anos.

O principal alvo das novas sanções norte-americanas é o grupo Sovcomflot, principal empresa de transporte de hidrocarbonetos da Rússia. De acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA, a empresa está envolvida em “violações ao limite de preço [do petróleo russo, conforme definido pelo G7, Austrália e União Europeia em 2022], além de atividades enganosas”.

Além de restringir as atividades da Sovcomflot, as sanções também afetam empresas que estejam relacionadas à operação da petroleira russa, com o congelamento de qualquer bem que esteja instalado ou aplicado nos EUA. O principal objetivo é restringir ao máximo a comercialização de petróleo russo no mercado internacional, o que reduziria a capacidade financeira de Moscou para seguir financiando suas operações de guerra na Ucrânia.

O problema é que, ao menos até aqui, as inúmeras sanções aplicadas contra a Rússia por conta da guerra na Ucrânia falharam em limitar a rentabilidade da indústria de combustíveis fósseis do país. Mesmo com a redução significativa das vendas de energia para o mercado europeu, especialmente de gás fóssil, as empresas russas conseguiram novos consumidores em mercados alternativos, como China, Índia e Turquia, ainda que condicionadas a preços mais baixos para seus combustíveis. O Wall Street Journal destacou como os mercados asiáticos estão servindo de “tábua de salvação” da economia petroleira russa.

Os rendimentos russos não se limitam aos consumidores asiáticos. Um levantamento da Global Witness mostrou que os países europeus seguem consumindo combustíveis fósseis russos, mesmo com as sanções contra Moscou. Somente em 2023, os mercados europeus gastaram 1,1 bilhão de euros para importar 130 milhões de barris de combustíveis refinados, especialmente diesel.

Segundo a Global Witness, a indústria petroleira russa está aproveitando uma lacuna no regime de sanções. As restrições impostas pela União Europeia contra a Rússia não incluem produtos processados em outros países a partir de petróleo russo. Isso resultou em uma “lavanderia” onde refinarias em países como Índia e Turquia podem importar petróleo russo bruto com desconto, refiná-lo e vendê-lo legalmente para os países europeus. O site POLITICO deu mais informações.

Por outro lado, uma análise do governo norte-americano divulgada pelo portal The Hill mostrou que as restrições ao preço dos combustíveis russos no mercado internacional começam a afetar os lucros do país com a indústria fóssil. Em janeiro, o preço do barril russo ficou em torno de 19 dólares, bem abaixo dos US$ 81 do barril normal no mercado internacional. 

Associated Press, Bloomberg, Reuters e TIME, entre outros, repercutiram as novas sanções dos EUA contra a indústria de combustíveis fósseis da Rússia.

 

 

ClimaInfo, 26 de fevereiro de 2024.

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