Governo federal reforça ações para saúde indígena na Terra Yanomami

Goverdo-federal-saúde-Yanomami
Lucas Leffa / Secom

Entre as medidas anunciadas, está a construção do 1º hospital indígena em Roraima; o governo é pressionado depois de alta nas mortes Yanomami em 2023.

O governo federal anunciou na 5ª feira (22/2) novas ações de caráter permanente para apoiar as comunidades indígenas da Terra Yanomami, em Roraima. O investimento para a região neste ano contará com R$ 1,2 bilhão, viabilizados por meio de crédito extraordinário no orçamento da União.

Uma das medidas anunciadas é a construção do primeiro hospital indígena do Brasil, que será instalado em Boa Vista para serviços de atenção especializada de média e alta complexidade. As obras devem começar ainda neste ano a partir de um acordo com a Universidade Federal de Roraima (UFRR) e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).

“Já temos um protocolo de entrada, e agora precisamos pensar em um modelo de assistência diferenciado, de redários [pilares com redes dispostas entre eles], buscando diálogo com a população para conseguir assegurar as particularidades na assistência à população Yanomami e Povos Indígenas de Roraima”, afirmou Weibe Tapeba, secretário de saúde indígena do Ministério da Saúde.

A construção do hospital indígena em Boa Vista é parte da resposta do governo federal ao agravamento da crise humanitária na Terra Yanomami. No ano passado, o presidente Lula decretou situação de emergência no território, que sofre com uma epidemia de malária e casos graves de desnutrição. Ao mesmo tempo, a fiscalização ambiental foi reforçada, em especial para expulsar os garimpeiros da região.

No entanto, essas ações vêm sendo criticadas nos últimos meses pela falta de resultados. Em grande parte, a resposta federal à crise Yanomami foi sabotada pela falta de cooperação das Forças Armadas, o que dificultou não apenas as ações de fiscalização, mas também a distribuição de cestas básicas e de medicamentos.

Por conta disso, o número de mortes Yanomami chegou a 363 no ano passado, 20 a mais do que em 2022. Mesmo com a comparação de um período com o outro impraticável por causa da subnotificação dos casos de óbito no final da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, o número mostrou que a situação dos Yanomami segue delicada em Roraima.

“Entendemos que um ano não foi suficiente para a gente resolver todas as situações instaladas ali, com a presença do garimpo, de quase 30 mil garimpeiros convivendo diretamente no território, aliciando e violentando os indígenas e impedindo que as equipes de saúde chegassem ali”, reconheceu a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara”, citada pela Folha.

O governo federal apresentou um plano de ação para redução da mortalidade na Terra Yanomami e em outros territórios indígenas em situação de vulnerabilidade. O plano atende a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que ordenou à União a definição de um conjunto de ações para reforçar a proteção das áreas indígenas.

Como a Folha observou, o governo federal reconhece no plano que as medidas tomadas até aqui não foram suficientes para resolver a situação. Falta de pessoal qualificado, corte de verbas, equipamentos obsoletos ou insuficientes, alta rotatividade de gestores e de projetos e dificuldades logísticas estão entre os problemas apontados pelo governo.

 

 

ClimaInfo, 26 de fevereiro de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.