Governo federal reforça ações para saúde indígena na Terra Yanomami

26 de fevereiro de 2024
Goverdo-federal-saúde-Yanomami
Lucas Leffa / Secom

Entre as medidas anunciadas, está a construção do 1º hospital indígena em Roraima; o governo é pressionado depois de alta nas mortes Yanomami em 2023.

O governo federal anunciou na 5ª feira (22/2) novas ações de caráter permanente para apoiar as comunidades indígenas da Terra Yanomami, em Roraima. O investimento para a região neste ano contará com R$ 1,2 bilhão, viabilizados por meio de crédito extraordinário no orçamento da União.

Uma das medidas anunciadas é a construção do primeiro hospital indígena do Brasil, que será instalado em Boa Vista para serviços de atenção especializada de média e alta complexidade. As obras devem começar ainda neste ano a partir de um acordo com a Universidade Federal de Roraima (UFRR) e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).

“Já temos um protocolo de entrada, e agora precisamos pensar em um modelo de assistência diferenciado, de redários [pilares com redes dispostas entre eles], buscando diálogo com a população para conseguir assegurar as particularidades na assistência à população Yanomami e Povos Indígenas de Roraima”, afirmou Weibe Tapeba, secretário de saúde indígena do Ministério da Saúde.

A construção do hospital indígena em Boa Vista é parte da resposta do governo federal ao agravamento da crise humanitária na Terra Yanomami. No ano passado, o presidente Lula decretou situação de emergência no território, que sofre com uma epidemia de malária e casos graves de desnutrição. Ao mesmo tempo, a fiscalização ambiental foi reforçada, em especial para expulsar os garimpeiros da região.

No entanto, essas ações vêm sendo criticadas nos últimos meses pela falta de resultados. Em grande parte, a resposta federal à crise Yanomami foi sabotada pela falta de cooperação das Forças Armadas, o que dificultou não apenas as ações de fiscalização, mas também a distribuição de cestas básicas e de medicamentos.

Por conta disso, o número de mortes Yanomami chegou a 363 no ano passado, 20 a mais do que em 2022. Mesmo com a comparação de um período com o outro impraticável por causa da subnotificação dos casos de óbito no final da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, o número mostrou que a situação dos Yanomami segue delicada em Roraima.

“Entendemos que um ano não foi suficiente para a gente resolver todas as situações instaladas ali, com a presença do garimpo, de quase 30 mil garimpeiros convivendo diretamente no território, aliciando e violentando os indígenas e impedindo que as equipes de saúde chegassem ali”, reconheceu a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara”, citada pela Folha.

O governo federal apresentou um plano de ação para redução da mortalidade na Terra Yanomami e em outros territórios indígenas em situação de vulnerabilidade. O plano atende a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que ordenou à União a definição de um conjunto de ações para reforçar a proteção das áreas indígenas.

Como a Folha observou, o governo federal reconhece no plano que as medidas tomadas até aqui não foram suficientes para resolver a situação. Falta de pessoal qualificado, corte de verbas, equipamentos obsoletos ou insuficientes, alta rotatividade de gestores e de projetos e dificuldades logísticas estão entre os problemas apontados pelo governo.

 

 

ClimaInfo, 26 de fevereiro de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar