Paes manda duas bolas fora de uma só vez: admite a incompetência das autoridades em lidar com eventos extremos e nega peso das mudanças climáticas
Doze pessoas morreram e uma continuava desaparecida na tarde de 2ª feira (15/1) após as fortes chuvas que castigaram o Rio de Janeiro e cidades da região metropolitana no fim de semana. Com várias ruas ainda inundadas e centenas de famílias ilhadas ou fora de casa, a tragédia climática foi agravada pelas (in)ações e falas extremamente equivocadas das autoridades locais.
Numa dose de negacionismo climático, misturada com assunção de incompetência, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse que as tempestades não foram surpresa. Em entrevista ao Bom Dia Rio, repercutida pelo g1, ele confirmou que as fortes chuvas são comuns para esta época do ano. O argumento procede, mas mostra tanto a falta de preparo da prefeitura como esconde uma falta de preocupação com o “novo anormal” das mudanças climáticas.
“Sou daqueles que tem horror àquela conversinha de ‘chuva recorde, pegou de surpresa’. Não tem surpresa nisso, acho que todos nós sabemos que tradicionalmente no verão do Rio de Janeiro chove. E chove muito, tem mudanças climáticas, mas aqui sempre choveu”, disse o prefeito.
Ao menos não se pode dizer que Paes confirmou a manchete do Sensacionalista sobre as chuvas extremas na região metropolitana carioca. Em posts nas redes sociais, como o X (ex-Twitter), o humorístico anunciou que “Chuva no Rio pega as autoridades de surpresa pela milésima vez”.
Não se pode dizer o mesmo do governador do estado, Cláudio Castro. Com a capital e várias cidades debaixo d’água e o número de mortos aumentando, Castro estava de férias no DisneyWorld, em Orlando, e hesitou sobre a necessidade de voltar para tentar arrumar a casa, mostra o UOL.
Já de volta ao Rio, Castro confirmou a 12ª morte causada pelo temporal, informa o g1. A última vítima encontrada é um morador do Morro do Chapadão, na Pavuna, Zona Norte carioca. Ele foi arrastado pela correnteza e seu corpo foi achado no bairro São Matheus, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
Em Duque de Caxias, também na Baixada Fluminense, pelo menos três bairros seguiam alagados até o início da tarde de segunda-feira, destaca o Valor. Imagens reproduzidas no X e exibidas no Bom Dia Rio e também no Jornal Hoje mostraram moradores dos bairros de Amapá, São Bento e Pilar andando com água pela cintura.
Na capital, havia a expectativa de mais chuva ontem, mas em volumes bem menores do que os do fim de semana. Por isso, a cidade do Rio entrou no estágio operacional 2, o 2º nível em uma escala de 5. No domingo, o município entrou inicialmente em estágio 4, às 2h45 e, depois, desceu para o estágio 3, às 19h, detalha o Poder 360.
ClimaInfo, 16 de janeiro de 2024.
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