Aumenta a pressão contra jabutis bilionários na MP da crise hídrica

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As adições ao texto da medida provisória da crise hídrica não agradaram nem gregos e nem troianos. Segundo o Correio Braziliense, parlamentares e o próprio governo se movimentam para não aprovar a MP como está. Segundo o Valor, o autor, deputado Adolfo Viana (PSDB – BA) garante que não haverá aumento na conta de luz e acha que está dando aos gasodutos o mesmo tratamento que às linhas de transmissão. Não está, pelo simples fato do gás natural ter outros usos: os consumidores de eletricidade bancariam o investimento para levar gás para siderúrgicas, cimenteiras e aos lares ligados à rede de gás. Viana se diz aberto ao diálogo se houver propostas alternativas, algo descabido, posto que pagar pelos gasodutos, prorrogar o PROINFA e seguir subsidiando o carvão não tem nada a ver com a MP da crise hídrica.

Na 2ª feira, o senador Renan Calheiros havia dado uma indireta ao se referir a um empresário que estaria por trás deste jabuti e daquele da lei da privatização da Eletrobrás. Maria Cristina Fernandes, no Valor, escreve que, na discussão deste último, o relator foi acusado de “atuar em defesa de Carlos Suarez, ex-OAS e hoje empresário do setor [de gás].”

No site da Ilumina, Roberto D´Araujo mostra um gráfico diário com o quanto de água o sistema guardou nos reservatórios após suprir a demanda do dia. No começo de março, o sistema reservou 20% da capacidade. No meio de maio, o sistema entrou no vermelho. D’Araujo também mostra que, apesar dos pedidos do presidente e seu ministro almirante para economizarmos eletricidade, isto não está acontecendo.

Adriano Pires, no Valor, descartou a possibilidade de racionamento este ano, mas é quase certo que haverá cortes localizados e temporários, os blecautes. E quase torce para a economia não crescer muito, para escapar do racionamento no ano que vem. Um raciocínio que lembra a recente frase “Prevent-iva” de que “óbito também é alta”.

Em tempo: A Vale segue recebendo do consumidor de eletricidade por conta do desastre que, indiretamente, provocou. O desastre de Mariana, em 2015, forçou o desativamento da hidrelétrica Risoleta Neves, no rio Doce, e de propriedade da Vale. Ela vem recebendo pela energia que não mais gerou desde então, por participar do MRE, um mecanismo feito para pagar usinas que, temporariamente, não conseguem cumprir contratos. A ANEEL entrou na justiça para suspender os pagamentos, ganhou na primeira instância, perdeu no recurso e a ação deve entrar na pauta do STJ nos próximos dias. Para recordar, a Vale é sócia da BHP na Samarco, responsável pela barragem do Fundão que desabou, matando 19 pessoas e causando um dos maiores desastres ambientais da história brasileira. A notícia saiu no Valor.

 

ClimaInfo, 6 de outubro de 2021.

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