Sociedade civil e representantes do agro pedem mais ambição climática para o Brasil na COP26

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O Brasil pode e deve ter mais ambição em seus compromissos climáticos sob o Acordo de Paris, defendeu nesta 4ª feira (13/10) a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. O grupo, que reúne entidades da sociedade civil, cientistas, gente e associações do setor financeiro e do agronegócio, divulgou um relatório no qual explica como o país pode ampliar suas metas de redução de emissões para 2025, 2030 e 2050, em linha com o que a ciência defende ser necessário para conter a crise climática.

Para a Coalizão, o Brasil precisa fazer o que for necessário para evitar os piores impactos da mudança do clima, sob o perigo de inviabilizar a atividade agropecuária, principal setor econômico do país. “Como o quinto maior emissor de gases de efeito estufa e também como uma das economias mais vulneráveis à alterações do clima, o Brasil precisa elevar urgentemente sua ambição climática”, defendeu Marcello Brito, presidente da ABAG e cofacilitador do grupo.

Elaborado a partir de consultas com os membros da Coalizão e convidados de vários setores sociais, o documento traz os pontos de consenso multissetorial para promover o desenvolvimento econômico de baixo carbono e a justiça climática. Além de aumentar a ambição climática, o relatório apresenta caminhos para viabilizar esta meta, bem como mecanismos para proteger e remunerar aqueles que contribuem para manutenção e recuperação de serviços ambientais, como os Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais.

Outro ponto enfatizado pela Coalizão é a defesa da regulamentação do mercado de créditos de carbono no Brasil, além de um acordo sobre a implementação deste tipo de instrumento sob o Artigo 6 do Acordo de Paris, um dos itens da agenda de negociações da COP26 de Glasgow. CNN Brasil e Valor repercutiram o posicionamento da Coalizão.

Em tempo: Sócio-atleta da boiada bolsonarista no Congresso Nacional, o presidente da Câmara, Arthur Lira, voltou de viagem oficial à Itália preocupado com a imagem internacional do Brasil. De acordo com Malu Gaspar n’O Globo, Lira teria ficado “impressionado com o que viu e ouviu a respeito do Brasil” durante encontro de presidentes de parlamentos do G20, na semana passada. Isso o teria convencido a priorizar medidas como a regulamentação do mercado nacional de carbono na Câmara, para ajudar no esforço publicitário do governo Bolsonaro na COP26. Resta saber se esse ímpeto ambientalista de Lira vai persistir depois de um café da manhã ou almoço com seus amigos da bancada ruralista.

 

ClimaInfo, 14 de outubro de 2021.

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