Joe Biden se elegeu prometendo revitalizar a agenda climática nos EUA, colocando o país numa posição de vanguarda na transição para o carbono zero por meio de trilhões de dólares em investimentos e metas de mitigação mais ambiciosas. O problema é que, mais uma vez, tudo isso pode “morrer na praia” por causa da oposição de aliados políticos da Casa Branca no Congresso norte-americano.
Os democratas possuem uma maioria estreita na Câmara e dividem o controle do Senado com os republicanos, tendo em seu favor o “voto de minerva” da vice-presidente Kamala Harris na condição de presidente da Casa. O problema principal de Biden está no Senado: para que qualquer projeto seja aprovado dependendo apenas dos votos democratas, todos os 50 senadores do partido precisam estar do mesmo lado. Se um senador democrata der um passo para trás, a aprovação se inviabiliza – e é exatamente isso o que está acontecendo: os democratas Joe Manchin (Virgínia Ocidental) e Kyrsten Sinema (Arizona) jogaram um balde de água fria nas pretensões de Biden de aprovar o megapacote de US$ 3,5 trilhões em investimentos em infraestrutura e energia limpa. Além do preço salgado, esses senadores também estão insatisfeitos com alguns pontos da proposta, como restrições a projetos de energia fóssil e limites mais rígidos para emissão de metano e outros gases de efeito estufa.
O problema é que, de acordo com a Associated Press, eventuais mudanças que enfraqueçam a proposta podem fazer com que outros senadores mais progressistas, que a apoiam do jeito que está agora, se neguem a aprová-la. Para evitar discussões públicas, Biden aposta na estratégia de diálogos internos e conversas diretas com os parlamentares, bem ao seu estilo. Como POLITICO destacou, essa abordagem não é acidental: sem margem de manobra, Biden não pode se dar ao luxo de cobranças e pressões públicas, o que poderia enfraquecê-lo ainda mais nesse tabuleiro. O malabarismo político de Biden com seus aliados democratas também foi abordado por Financial Times, Grist, Guardian, NY Times, Sky News e Wall Street Journal.
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ClimaInfo, 20 de outubro de 2021.
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