A eletricidade mais cara contribui para desorganizar as cadeias produtivas por afetar todos os setores, mas com intensidade diferente. Além disso, o programa governamental de compensação das indústrias que reduzirem seu consumo ou desloquem a produção para fora do horário de ponta também está afetando de modo diferente setores e, mesmo dentro de um dado setor, indústrias distintas.
A esses dois vetores de desorganização, se soma a própria recuperação pós-pandemia, que está acontecendo de modo desigual. Por exemplo, o setor automobilístico sofre com a falta de componentes eletrônicos importados da China. Isto, por tabela, afeta toda a cadeia de autopeças. A Folha deu uma matéria a respeito da indústria, inclusive com um comentário sobre que, para as pequenas e médias empresas de São Paulo, a situação é a pior dos últimos 6 anos.
O próprio setor elétrico está sofrendo impactos financeiros. As distribuidoras, por exemplo, pagam cada vez mais caro pela eletricidade e, até o momento, todas as caríssimas bandeiras não cobrem seus custos. No ano passado, as distribuidoras receberam uma ajuda emergencial do governo no valor de R$15 bilhões. Segundo o Valor, o ministro de minas e energia está conversando com bancos públicos e privados sobre uma nova operação de crédito destinada a cobrir as contas. A associação das distribuidoras (ABRADEE) se apressou para explicar que a ajuda seria para mitigar o impacto nas contas do consumidor e que não se trata de socorro às empresas.
Por falta d’água, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reduziu a geração hidrelétrica no Sudeste/Centro-Oeste. Para ajudar a evitar uma quebradeira das empresas proprietárias, o BNDES lançou um programa stand-still que permite postergar o pagamento do principal e dos juros de suas operações de financiamento de hidrelétricas. Uma matéria do Valor conta que a Eletrobrás, sócia em várias SPEs (Sociedades de Propósito Específico) hidrelétricas, as autorizou a adesão ao programa do BNDES.
Enquanto isso, as recentes chuvas estão afastando o risco de racionamento e de apagões. Segundo o ONS, nos próximos dias deve chover acima da média histórica para o período na região Sudeste, embora o acumulado de chuvas fique abaixo na região Sul. O Poder 360 relata que os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste estavam com quase 18% da sua capacidade máxima, enquanto que a média para o país estava em 24,5%. A melhora ainda é marginal, mas parece ter sido o suficiente para o governo afastar de vez a adoção do horário de verão este ano. Esta notícia também é do Poder 360.
Uma nota de otimismo foi dada numa matéria do Jornal Nacional, dando conta de que a geração fotovoltaica ganha cada vez mais espaço, impulsionada pela crise hídrica. A expansão ocorre tanto nos equipamentos instalados nos tetos de casas e do comércio, quanto em parques de painéis que se espalham pelo país. Pereira Barreto, no oeste de São Paulo, viu a inauguração do maior parque do estado de São Paulo e o 5º maior do país, com 600 mil placas e 160 MWp. A notícia também saiu no MegaWhat.
ClimaInfo, 25 de outubro de 2021.
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