Ilhas no Pacífico recorrem à Justiça contra omissão climática da Austrália

Ilhas do Pacífico

Um grupo de habitantes das ilhas do Estreito de Torres, na costa norte da Austrália, entrou com uma ação judicial nesta semana contra o governo do país. A alegação é de que as autoridades australianas estão falhando em proteger essas comunidades contra os efeitos da mudança do clima. A ação foi apresentada em um tribunal federal, com apoio do Fundo Grata e da Fundação Urgenda – esta última responsável pelo caso histórico que responsabilizou o governo dos Países Baixos pelos impactos da mudança do clima sobre seus cidadãos. A ideia é repetir o mesmo processo na Austrália, com o Judiciário forçando o governo a tomar medidas efetivas para reduzir suas emissões de carbono e proteger as comunidades mais vulneráveis à mudança do clima.

As ilhas do Estreito de Torres enfrentam problemas com o avanço do nível do mar, como a salinização de reservas de água potável, além de eventos climáticos extremos, como a ocorrência de tempestades tropicais. Essa situação ameaça as condições de habitabilidade das ilhas, ocupadas há mais de 65 mil anos por povos nativos. “Tornar-se refugiado do clima significa perder tudo: nossas casas, nossa cultura, nossas histórias e nossa identidade”, disse Paul Kabai, um dos reclamantes da ação. AFP, Guardian e Reuters deram mais detalhes.

Enquanto isso, o governo de Scott Morrison confirmou que a Austrália se comprometerá com o objetivo de neutralizar suas emissões de gases de efeito estufa até 2050. Para analistas australianos, o anúncio é uma maneira do premiê responder a eventuais críticas durante a COP26 em Glasgow, da qual ele participa na próxima semana. Entretanto, o plano australiano abusa da falta de detalhes: além de não explicar como o país viabilizará esse objetivo de neutralidade, Morrison afirmou que não pretende apresentar políticas ou metas específicas, dependendo fundamentalmente da ação voluntária de empresas e cidadãos para reduzir as emissões de carbono do país. O premiê também rejeitou a possibilidade de rever as metas de redução de emissões sob o Acordo de Paris para 2030, que seguem prevendo um corte de 26% a 28% nas emissões em relação aos níveis de 2005.

O anúncio australiano teve destaque em veículos como Associated Press, Bloomberg, Climate Home, CNN, Financial Times, NY Times, Reuters e Wall Street Journal. Confira também o artigo sobre a litigância climática na Austrália publicado pelo ClimaInfo.

 

ClimaInfo, 27 de outubro de 2021.

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