Mesmo com pandemia, emissões do Brasil cresceram quase 10% em 2020, diz SEEG

29 de outubro de 2021

No ano passado, por conta da pandemia, estima-se que as emissões globais tenham caído 7% em relação a 2019. As nossas, segundo o SEEG, subiram quase 10%, puxadas, novamente, pelo desmatamento na Amazônia que aumentou mais de 20%. As emissões advindas do uso da terra responderam por quase ¾ do total nacional. Só o desmatamento em todos os biomas representou mais de 40%. O rebanho bovino, com arrotos e dejetos, emitiu 17% do total. É interessante notar que as variações em relação a 2019 foram quase sempre pequenas, menores do que 5%. A emissão da maioria das indústrias caiu, exceção feita à do setor cimenteiro que aumentou 10%. Vale ver o comentário do Observatório do Clima e o relatório produzido pela equipe do SEEG.

Em 2009, o país assumiu compromissos voluntários de, até 2020, reduzir as emissões entre 36% e 39%. Feitas as contas, corrigindo linhas de base e fatores de comparação, as emissões de 2020 foram 1% abaixo do limite superior da meta. Mas o compromisso de controlar o desmatamento furou completamente. A meta era não desmatar mais do que 4.000 km2 em 2020 só que foi mais de 10.000 km2. Márcio Astrini, secretário-executivo do OC, disse que o país “conseguiu a proeza de ser talvez o único grande emissor que poluiu mais durante o primeiro ano da pandemia. Os dados do SEEG confirmam que os destruidores da floresta, embalados pela antipolítica ambiental de Jair Bolsonaro, não fizeram home office. É mais um golpe na imagem internacional do país, que chegará completamente desacreditado a Glasgow na semana que vem para a COP26.” A repercussão saiu na Folha, no UOL, Estadão, Valor e na BBC, dentre outras.

Em tempo: Além do corte raso, parte importante da destruição dos biomas é sua degradação. Até o momento, as diretrizes do IPCC para a elaboração dos inventários nacionais não contemplam a degradação dos biomas. Giovana Girardi, na Folha, explica que essa categoria compreende áreas parcialmente queimadas, aquelas onde houve retirada ilegal de madeira e o empobrecimento das árvores que ficam na fronteira de áreas já inteiramente derrubadas (conhecido como efeito de borda). Desconfia-se que a área degradada na Amazônia supere a área desmatada.

 

ClimaInfo, 29 de outubro de 2021.

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