A duvidosa credibilidade das promessas corporativas de net-zero

COP26 promessas corporativas

Se no mundo corporativo o longo prazo é dez anos, quão crível é um compromisso de net zero até 2050? Preocupado em manter as corporações a bordo, o secretário-geral da ONU, António Guterres montou um grupo para avaliar os compromissos climáticos corporativos. “Precisamos nos fiscalizar uns aos outros – governos, atores não governamentais e a sociedade civil.” Uma matéria da Bloomberg cita o anúncio, na semana passada, da Aliança Financeira de Glasgow para o Net-Zero (GFANZ) que reúne mais de 450 financeiras e que se comprometeram a entregar US$ 100 trilhões nos próximos 30 anos para ajudar o mundo a atingir a neutralidade climática. O anúncio foi recebido com um certo ceticismo por ativistas, querendo ver ações concretas para abandonar os investimentos em combustíveis fósseis.

Guterres acharia interessante que a GFANZ aderisse à Aliança Net Zero, uma iniciativa da própria ONU que reúne mais de 60 instituições financeiras.

O clima de desconfiança e descontentamento com a enxurrada de promessas do setor privado é reforçado em uma matéria do Financial Times. “Tais preocupações estão pressionando para que o próximo capítulo da resposta corporativa às mudanças climáticas tenha menos festas e comunicados de imprensa e mais normas verificáveis, relatórios mandatórios e preços de carbono substantivos.” No entanto, fica claro um jogo de empurra. O mundo corporativo diz querer que os governos definam regras claras, embora muitas defendam seus modelos de negócios com unhas, lobbies e desinformação.

 

ClimaInfo, 12 de novembro de 2021.

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