As incertezas nos modelos que integram os efeitos climáticos sobre a economia e vice-versa escondem a possibilidade de um aquecimento global acima de 3,5°C até o final do século. Esse é um dos resultados de uma análise de sete diferentes modelos simulando os compromissos de mitigação a curto prazo que acaba de sair na Nature. Enquanto a maioria dos trabalhos de modelagem fixam uma meta de aquecimento no futuro para projetar caminhos para alcançá-la e estimar seus impactos socioeconômicos, este estudo partiu do cenário atual, onde o mundo já aqueceu 1,1°C, e projetou os esforços de mitigação existentes no curto prazo. Ao incluir as NDCs, os modelos preveem um aquecimento, em 2100, entre 2,2 e 2,7°C acima dos níveis pré-industriais. Incluir o feedback do clima sobre as economias das regiões exacerba as incertezas e leva a um aquecimento de 3,8°C, no pior cenário, e a 1,7°C no melhor. A Axios comentou os principais pontos do trabalho.
Vale lembrar o recente estudo realizado por uma parceria entre o Instituto Talanoa e a COPPE/UFRJ, indicando que seria possível ao Brasil reduzir 66% das suas emissões até 2030, sem afetar o crescimento econômico, criando mais de 100 mil empregos e melhorando a distribuição de renda. Caprichando um pouco mais na eficiência de políticas públicas contra o desmatamento e favorecendo a restauração florestal, é possível reduzir ainda mais, pouco menos de 80% das emissões até 2030.
Em tempo: Outro trabalho, que saiu na One Earth, examinou a significativa perda de atratividade das tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS) em cenários de preço decrescente das fontes limpas. Em aplicações como a geração a combustível fóssil ou a hidrogênio, o CCS perde mais de 70% da sua atratividade. As renováveis só sentem a competição em projetos de geração a biomassa líquida com captura do CO2 na chaminé.
ClimaInfo, 24 de novembro de 2021.
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