“Vamos manter pressão sobre países”, promete presidente da COP26

Alok Sharma

Dez dias após o encerramento da Conferência do Clima de Glasgow (COP26), a promessa de seu presidente é manter a pressão sobre os governos para aumentar a ambição dos compromissos climáticos dos países sob o Acordo de Paris. “Ao longo do próximo ano, trabalharemos com os países, instando-os a agir e honrar suas promessas”, escreveu Alok Sharma, no Guardian. No texto, ele reconhece as dificuldades nas negociações em Glasgow, especialmente no final da COP, quando a oposição de China e Índia a uma linguagem anticarvão no texto de decisão quase arruinaram a Conferência. Entretanto, para o britânico, a COP também mostrou uma maior disposição dos países em fazer concessões em prol da confiança e da credibilidade das negociações. “[O Pacto Climático de Glasgow] reconhece o abismo entre onde os países estão nas reduções de emissões e onde precisamos estar. Ele enfatiza a necessidade urgente de ação mais rápida e compromete os países a revisitar e fortalecer suas metas de redução de emissões para 2030 e desenvolver estratégias de net-zero para meados deste século em 2022”.

Ainda sobre os resultados da COP, Akshat Rathi escreveu na Bloomberg um balanço das narrativas que saíram de Glasgow. Por um lado, as promessas mais ambiciosas de países e empresas parecem indicar a possibilidade de um aquecimento limitado a 1,7°C, abaixo dos 2°C máximos definidos pelo Acordo de Paris, mas acima da meta de 1,5°C defendida pela ciência como limite para impedir efeitos desastrosos em áreas mais vulneráveis do globo. Por outro, a falta de detalhes e de ações mais imediatas para conter as emissões apontam para um futuro mais quente, com aquecimento acima dos 3,8°C.

Quem está certo? “Em certo sentido, ambos os lados estão certos”, reconhece Rathi. Para ele, houve algum progresso na COP26, o que sinaliza uma disposição dos países a seguir o cenário de ação mais ambiciosa; ao mesmo tempo, essa disposição não parece ser suficiente, ao menos por ora, para nos colocar rumo a um futuro mais ameno em termos de mudanças climáticas.

No Financial Times, Martin Wolf fez um balanço parecido, mas ligeiramente pessimista. “Se compararmos a discussão global hoje com a de uma década atrás, percorremos um longo caminho. Mas se compararmos com onde precisamos estar, ainda há um longo caminho a percorrer. É muito cedo para abandonar a esperança, mas ser complacente seria um absurdo”, escreveu. “A tarefa é grande e a hora, atrasada. Não podemos mais sentar e esperar”.

 

ClimaInfo, 24 de novembro de 2021.

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