Os desafios da transição verde para a indústria automobilística brasileira

2 de dezembro de 2021

O boom recente de carros elétricos tem animado montadoras em grandes mercados internacionais, principalmente na Europa, nos Estados Unidos e China. No entanto, a América Latina, e o Brasil em particular, parecem pouco interessados nessa movimentação. As circunstâncias econômicas (ou melhor, o aperto econômico em boa parte dos mercados latino-americanos) explicam em parte o desânimo da indústria automobilística brasileira com os carros elétricos. De toda maneira, a tecnologia está se consolidando no mercado internacional – e o Brasil, mais cedo ou mais tarde, não terá mais como escapar dela.

No Valor, Marli Olmos conversou com representantes do setor dentro e fora do Brasil para abordar como a indústria está encarando esta perspectiva. No caso particular brasileiro, a aposta que se desenha é o aproveitamento das tecnologias de biocombustíveis (em especial, a do etanol) como um caminho de transição entre os motores a combustão e os elétricos, o que facilitaria essa mudança em mercados menos desenvolvidos. Isso permitiria manter uma produção nacional de veículos híbridos e impulsionaria a venda deles para países latino-americanos e mercados similares, como a Índia.

Por falar em biocombustíveis, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu na última 3ª feira (30/11) fixar a mistura de biodiesel no diesel em 10% no ano que vem. A decisão desagradou às usinas de biodiesel, que defendiam a adoção do teor de 13% a partir de janeiro de 2022. De acordo com o Valor, representantes do setor querem uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro para pedir a revisão da decisão. Além da questão legal (os 13% deveriam estar vigentes desde março passado, mas isso não foi respeitado pelo governo), o argumento das usinas é de que o teor de 10% de biodiesel no diesel normal contraria o discurso de sustentabilidade feito pelo Brasil na COP26.

Em tempo: Entrou em vigor na semana passada o Programa Nacional de Bioquerosene, que pretende estimular o uso deste biocombustível pelas empresas aéreas brasileiras. De acordo com a Lei 14.248/2021, sancionada na última 6ª feira (26/11) pelo governo federal, o programa abrangerá o desenvolvimento de tecnologia para mistura do bioquerosene com o querosene de aviação, bem como o desenvolvimento de tecnologias que garantam a substituição total do combustível fóssil no longo prazo. Isso será fomentado por meio de incentivos fiscais e destinação de recursos federais em condições especiais. Na epbr, Nayara Machado trouxe a reação do setor, que enxerga na nova lei um “começo”, mas para o qual falta regulação específica sobre o bioquerosene de aviação, de maneira a dar previsibilidade e segurança jurídica às empresas.

 

ClimaInfo, 2 de dezembro de 2021.

Clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar