Em um esforço para contrabalancear a China, a União Europeia apresentou nesta 4ª feira (1/12) um megaprograma de investimentos em infraestrutura global, com foco em projetos digitais, de transporte, energia e saúde.
Batizado de Global Gateway, o programa pretende mobilizar 300 bilhões de euros (R$ 1,9 trilhão, em valores convertidos) até 2027, que serão oferecidos “em termos justos e favoráveis, a fim de limitar o risco de sobre-endividamento” pelos países beneficiários.
“[O programa] buscará promover conexões sustentáveis e confiáveis em prol das pessoas e do planeta, para enfrentar os desafios globais mais urgentes, desde as mudanças climáticas e a proteção do meio ambiente, até melhorar a segurança da saúde e impulsionar a competitividade e as cadeias de abastecimento globais”, afirmou a Comissão Europeia em nota.
A iniciativa da UE é um claro contraponto à iniciativa Belt & Road promovida pela China para facilitar projetos de infraestrutura em países em desenvolvimento. Uma das críticas mais frequentes ao programa chinês é o fato dele impulsionar projetos com impacto ambiental negativo, como usinas termelétricas a carvão, além de menosprezar temas como Direitos Humanos e trabalhistas na realização dos empreendimentos.
No caso europeu, o contraste é forte nesse ponto: os parceiros da Global Gateway terão que se comprometer com “o estado de direito, defendendo altos padrões de Direitos Humanos, sociais e trabalhistas e respeitando as normas internacionais de propriedade intelectual”.
“A UE oferecerá não só condições financeiras sólidas aos parceiros, trazendo subvenções, empréstimos favoráveis e garantias orçamentais para diminuir o risco de investimentos e melhorar a sustentabilidade da dívida – mas também promoverá os mais elevados padrões de gestão ambiental, social e estratégica”, afirmou a Comissão Europeia.
BBC, Bloomberg, Deutsche Welle, Euronews, POLITICO e Reuters repercutiram o anúncio do Global Gateway pela UE.
Ainda sobre a UE, a Reuters noticiou que o bloco europeu pretende investir para ampliar sua capacidade tecnológica de captura e armazenamento de carbono da atmosfera. De acordo com o esboço do projeto, a meta será capturar cinco milhões de toneladas de CO2 da atmosfera por ano até 2030, além de criar um sistema para certificar remoções de carbono por agricultores e proprietários de terra nos países europeus. O documento também sinaliza a possibilidade dessas remoções gerarem créditos de carbono a serem comercializados dentro do mercado europeu, o que não foi bem recebido por ambientalistas e ativistas climáticos.
ClimaInfo, 2 de dezembro de 2021.
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