Desmatamento pode virar risco de crédito para o agronegócio

6 de dezembro de 2021

O Valor destacou uma avaliação da agência de classificação de risco Moody’s que ressaltou como o agronegócio brasileiro pode sofrer restrições não apenas de entrada de seus produtos em mercados externos, mas também ter problemas na hora de buscar financiamento no exterior. De acordo com a análise, o desmatamento e os riscos associados ao clima já causam problemas reputacionais às empresas do setor no mercado internacional, e a perspectiva de que isso tenha reflexo futuro no sistema financeiro é significativa; ou seja, a obtenção de crédito pode ficar comprometida por causa da exposição do agro brasileiro ao desmatamento e às emissões de gases de efeito estufa do setor.

Enquanto parte significativa do agronegócio brasileiro segue “em Nárnia”, seus concorrentes internacionais não poderiam estar mais contentes. “Quanto mais o Brasil defende seu direito de destruir a floresta e emitir carbono, mais o lobby agrário europeu encontra motivos para discriminar produtos como a carne e a soja brasileiras”, escreveu Marcio Astrini (Observatório do Clima) n’O Globo.

Para piorar, os EUA aumentaram o tom contra o descontrole do desmatamento no Brasil. Em carta encaminhada ao presidente Joe Biden, oito senadores norte-americanos acusaram o governo Bolsonaro de ser responsável direto pela destruição da Amazônia, por ter “promovido, de forma entusiasmada, políticas extremamente prejudiciais ao meio ambiente”. O texto também lembrou a “boiada” antiambiental em tramitação no Congresso Nacional brasileiro, que pode piorar ainda mais a situação ambiental do país. “A epidemia de desmatamento e de incêndios, não só na Amazônia, mas no Pantanal e no Cerrado, é resultado direto das palavras e das ações de Bolsonaro”. A Folha deu mais detalhes.

Em tempo: Ainda sobre “Nárnia”, o ministro Paulo Guedes cometeu uma bolsonarice ao minimizar o impacto dos incêndios florestais na Amazônia. Em evento para industriais do setor químico, o outrora superministro da economia comparou as queimadas amazônicas com o incêndio que destruiu o telhado da Catedral de Notre-Dame em Paris em 2019. “Conversando com o ministro das finanças deles, eles diziam ‘ah, mas vocês estão queimando a Amazônia’. Eu perguntei: ‘vocês estão queimando Notre-Dame ou vocês não conseguiram proteger Notre-Dame quando ela foi queimada?’. Se vocês estão tendo dificuldades para proteger um quarteirão, imagine proteger uma área que é maior do que a Europa”. Além de comparar laranja com croissant, a fala de Guedes parte de um pressuposto inexistente: ao que se saiba, o presidente Emmanuel Macron não fez campanha em favor da destruição de Notre-Dame, diferentemente do que fez Bolsonaro com a Amazônia. A notícia é do Congresso em Foco.

 

ClimaInfo, 6 de dezembro de 2021.

Clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar