A corrida pelo hidrogênio no leste asiático

Japão China hidrogênio

China e Japão estão entre os principais mercados consumidores de carvão na Ásia. Não à toa, este combustível fóssil é considerado o “Calcanhar-de-Aquiles” histórico da ambição climática nestes países, um obstáculo difícil de ser superado, a despeito da urgência da crise climática. É por essa razão que chineses e japoneses enxergam o desenvolvimento tecnológico do uso do hidrogênio como um dos caminhos de superação desta dependência, para efetivamente descarbonizarem suas economias nas próximas décadas.

A BBC abordou a situação do Japão, país que precisou apelar ao carvão para geração elétrica depois do desastre da usina nuclear de Fukushima, em 2011. Mais de uma década após o episódio, a maior parte das usinas nucleares do Japão segue fechada, e há muita resistência na sociedade japonesa para a retomada destas operações. Em seu lugar, o governo japonês pisou no acelerador na geração térmica, especialmente por meio da queima do carvão.

Para escapar desta arapuca climática, os japoneses querem avançar na tecnologia do hidrogênio para conseguir encontrar uma alternativa energética que dê conta de substituir o carvão na geração elétrica.

O hidrogênio verde, produzido a partir de energia renovável, é visto como inalcançável para o Japão, ao menos no médio prazo. Por isso, a aposta do país é viabilizar o hidrogênio azul – ou seja, combustível feito com base em energia fóssil, mas com emissões capturadas e armazenadas. O plano não é simples e não está isento de riscos. Pode criar ainda mais problemas climáticos, ao invés de resolvê-los.

A sinuca-de-bico dos japoneses é parecida com a enfrentada pelos chineses na busca pelo hidrogênio. No South China Morning Post, Echo Xie explicou que o governo chinês vê no combustível um caminho possível para viabilizar sua meta de neutralidade climática até 2060. Para tanto, Pequim espera ampliar a representatividade do hidrogênio na matriz energética do país de 3% em 2018 para 20% em 2060.

Entretanto, a questão de fundo é a mesma do caso japonês: a tecnologia para o hidrogênio verde ainda é cara e a do hidrogênio azul, incipiente. As perguntas de alguns trilhões de dólares são se, quando e como essa equação poderá ser fechada para viabilizar o hidrogênio como solução para a descarbonização.

 

ClimaInfo, 9 de dezembro de 2021.

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