Aquecimento nos dois Polos aumenta a ameaça ao resto do planeta

aquecimento dos pólos

Este ano trouxe mais registros climáticos alarmantes nos dois polos do planeta. Na Antártica, a chamada “geleira do fim do mundo” (doomsday glacier), Thwaites, pode desabar na próxima década. A New Scientist comenta que a parte submersa, que funciona como uma rolha bloqueando a parte terrestre, pode se espatifar “como o parabrisa de um carro.” A Thwaites segura água suficiente para elevar em 65 cm o nível de todos os mares. A BBC também deu a notícia.

Ainda no Polo Sul, a Nature publicou um trabalho dando conta que a Corrente Circumpolar Antártica tem absorvido uma grande quantidade de calor antropogênico no seu limite norte. O New York Times explica por que esta absorção perturba um dos mais importantes mecanismos de resfriamento do planeta: a corrente “é o motor climático do mundo, e o tem impedido de se aquecer ainda mais, puxando as águas profundas dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, muitas das quais estão submersas há centenas de anos, e trazendo-as para a superfície. Lá, ela troca calor e CO2 com a atmosfera antes de ser despachada novamente em sua eterna viagem de ida e volta. Sem esta ação […] o mundo estaria ainda mais quente.” O aquecimento da corrente aumenta a liberação de CO2 e o derretimento das plataformas de gelo que seguram os grandes glaciares antárticos. Vale ver as animações, sempre impressionantes e esclarecedoras do NYT.

No Ártico, este ano viu o verde se espalhar pela maior área antes congelada das tundras russas e canadenses, segundo o relatório anual da Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA). Em compensação, o volume de gelo marinho foi o menor desde 2010. Houve aumento nas vazões dos rios outrora congelados. O relatório também levanta vários pontos de atenção: haverá mais deslizamentos à medida em que o permafrost for derretendo, podendo comprometer a infraestrutura, por exemplo de gasodutos. Uma tundra mais verde ou, pelo menos, mais marrom, refletirá menos luz solar do que neve e gelo, contribuindo para aumentar a temperatura aumentando o aquecimento global. A navegação está aumentando por haver menos gelo e o barulho dos navios começa a impactar a fauna, lembrando que os corredores degelados são estreitos e, até agora, silenciosos. Os navios também estão descarregando lixo, principalmente os pesqueiros que aproveitam áreas praticamente intocadas. As populações nativas já têm menos acesso aos alimentos tradicionais, algo que só deve piorar. A AP e a Reuters comentaram o relatório.

Temperaturas de 38°C são quentes, mas suportáveis, exceto quando se trata da Sibéria, a pouco mais de 100 km ao norte do Círculo Polar Ártico. A Organização Meteorológica Mundial (WMO) confirmou que este novo recorde foi registrado em junho do ano passado. O Globo, AP e a BBC comentaram.

O Washington Post falou do aquecimento nos dois pólos.

 

ClimaInfo, 15 de dezembro de 2021.

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