Entre a ação e a ilusão: o que esperar das negociações internacionais sobre o clima em 2022

Analistas começam a explorar as conjunturas políticas que marcarão a COP27, a ser realizada em Sharm el-Sheikh, no Egito, entre 7 e 18 de novembro. Um certo pessimismo começa a ganhar volume, com observadores preocupados se Biden realmente será capaz de entregar suas promessas.

“Tudo o que Biden prometeu levou a esta atmosfera relativamente boa em Glasgow, mas essas eram apenas promessas, ele precisa passar o projeto de lei no Congresso. E isso agora está parecendo cada vez mais arriscado. Ele pode fazer algumas coisas com atos executivos, mas certamente não é uma mudança institucional sustentada da legislação climática como a que estamos almejando”, disse à BBC Joanna Depledge, pesquisadora do Centro de Cambridge para Meio Ambiente, Energia e Governança de Recursos Naturais.

Com a próxima rodada de negociações climáticas planejadas para o continente africano, 2022 oferece uma chance de colocar a justiça climática e a solidariedade na vanguarda dos esforços internacionais, destaca o Climate Home.

Por outro lado, a falta de solidariedade na distribuição das vacinas mostra que essa cooperação terá que ser duramente conquistada. E talvez não seja possível contribuir para isso por meio de protestos durante a cúpula. A Human Rights Watch expressa preocupação sobre a participação livre e segura de grupos da sociedade civil, citando a prisão generalizada de ativistas no Egito e a criminalização de assembleias pacíficas.

Outra influência importante para este ano será a dos cientistas – o IPCC lançará três relatórios ao longo do ano, o que deve aumentar o sentido de urgência na opinião pública e nos atores políticos.

E o Brasil? Na COP27, o país já terá um novo presidente eleito, mas o que terá sobrado da política climática brasileira até lá? As questões ambientais estarão na eleição, mas sombreadas por todo tipo de problema grave que o país enfrenta hoje. Ao Valor, Ana Toni, do iCS foi pessimista: “Será um ano com tentativa de muita destruição pelo Congresso, de tentar passar todos os projetos que não conseguiram nos últimos três anos.”

 

ClimaInfo, 12 de janeiro de 2022.

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