Pedalada elétrica de R$ 140 bilhões a ser paga depois das eleições

19 de janeiro de 2022
conta de luz
Gabriel Cabral/Folhapress

O rombo provocado ao ligar todas as termelétricas cairá no colo dos consumidores, como sempre, mas com uma pitada de maldade. Para não impactar a inflação este ano e atrapalhar as campanhas eleitorais, uma medida provisória e um decreto presidencial permitirão jogar a conta para 2023. Eles criam uma conta especial para tomar empréstimos para cobrir o buraco, pagáveis com reajustes tarifários no ano que vem. Uma pedalada elétrica.

Em um debate promovido pelo Instituto Clima e Sociedade, Roberto Kishinami, coordenador de Energia do Instituto, disse que o problema é ainda mais grave porque aumentará a desigualdade social: “para os mais ricos, a conta, mesmo subindo mais do que a inflação, não compromete a renda familiar. Esse cenário é ainda mais dramático porque o aumento recorde do peso da conta de luz acontece no momento em que o país parou de crescer e o desemprego aumentou.” A notícia é da Folha.

A expansão de painéis solares em condomínios de classe média, por um lado, reduz a demanda. Mas, como lembra o ex-diretor do ONS, Luiz Barata, “com menos usuários contribuindo com o sistema integrado, haverá menos pessoas para ratear os custos, justamente os mais pobres”.

No atual governo, a inflação acumulada é de 18 % enquanto a conta de luz subiu 35 %. Neste século, a luz sempre subiu mais do que a inflação, mas o salto neste governo é assustador, porque a pedalada fará com que a conta caia no colo do próximo governo. O UOL, o Estadão e a CNN comentaram esse descompasso.

Edvaldo Santana, no Valor, comentou a avaliação da crise elétrica feita pelo Tribunal de Contas da União. Ele diz que o TCU comete o mesmo erro que o ONS e muita gente graúda do setor: supor que a hidrologia seguirá variando em torno da média histórica, aliás, da média de décadas de medições quando chove cada vez menos, exatamente onde estão as principais usinas hidrelétricas. Mas a crítica mais importante de Santana é sobre o modelo comercial, também criticado pelo TCU. O consumidor pagará pela energia contratada pelas hidrelétricas, mesmo se elas gerarem menos por falta d’água. E pagará pelas caras termelétricas porque o governo demorou meses para reconhecer que havia uma crise, perdendo, assim, a oportunidade de gerenciá-la profissionalmente. Para quem se interessar, o Poder 360 disponibilizou as 97 páginas do relatório do TCU.

Em tempo: Uma favela de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, será reurbanizada e as novas moradias já virão com painéis solares. O projeto é da ONG Gerando Falcões e estima-se que cada residência economize entre R$ 4 a 6 mil por ano. A economia pode ser ainda maior, caso os aumentos que vêm pela frente repercutirem nas tarifas sociais. Vale conhecer mais o projeto, fruto de uma parceria do grupo com o governo do estado, a prefeitura e o Banco BV (Votorantim). A notícia saiu no Diário da Região (Rio Preto), n’O Globo, Estadão, Canal Solar e no Portal Solar.

 

ClimaInfo, 19 de janeiro de 2022.

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