Sul do Brasil convive com fortes chuvas e estiagem intensa

estiagem RS

Seja em decorrência do fenômeno La Niña ou por já estar sentindo os efeitos do “novo normal” climático, o fato é que o Sul do Brasil está enfrentando, ao mesmo tempo, o desafio de lidar com chuvas intensas no Paraná e estiagem no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Em apenas uma semana, o número de municípios gaúchos em situação de emergência devido à estiagem saltou de 200 para 300, de acordo a Defesa Civil do estado. A informação está no Correio do Povo.

Na cidade litorânea de Rio Grande, algumas famílias já estão sendo abastecidas exclusivamente por caminhão pipa do Exército. Essa é a pior estiagem dos últimos 17 anos, segundo a Zero Hora.

Na fronteira oeste do Estado, em Alegrete, queimadas destruíram campos e rebanhos. Pelo menos 4,5 mil hectares foram consumidos pelo fogo só na Área de Proteção Ambiental do Ibitapuitã, também de acordo com a ZH.

O calor intenso dos últimos dias, levemente apaziguado por chuvas no início da semana, voltará a castigar o estado nesta semana, fazendo com que o apelido da capital Porto Alegre – chamada de “Forno Alegre” no verão – volte a circular entre os moradores da capital. Segundo o Metsul, a forte massa de ar frio que avança pela Argentina, derrubando termômetros e levando neve aos pontos mais altos por lá, não chegará ao Rio Grande do Sul.

A estiagem tem impacto direto no nível dos reservatórios. Um levantamento do Poder360 mostrou que Rio Grande do Sul e Santa Catarina aparecem entre os seis estados, dentre os mais populosos do Brasil, cujos níveis de reservatórios ou mananciais estão abaixo dos percentuais registrados em janeiro de 2021. Em território gaúcho, a variação é de -12%. Já no catarinense, -29%.

No Sudeste, São Paulo tem a situação mais crítica, com o sistema Cantareira, que abastece mais da metade da Região Metropolitana, com capacidade abaixo dos 30% – 26% menor do que a registrada em 2021. Minas Gerais, por sua vez, tem o maior volume de chuvas acumuladas nos últimos 15 dias.

Já no Paraná, a chuvarada trouxe pelo menos uma boa notícia neste início de ano. Após dois anos enfrentando a pandemia com escassez hídrica, os paranaenses foram informados ontem (19/1) do fim do rodízio no abastecimento de água em Curitiba e região. Os reservatórios que formam o Sistema de Abastecimento Integrado (SAIC) atingiram nível médio de 80,34% da capacidade, segundo a Sanepar, Companhia de Saneamento do Paraná. g1 e Band repercutiram a informação.

Em tempo: A Vale foi notificada pelo governo mineiro a colocar a mão na massa imediatamente para ajudar na recuperação de áreas impactadas pelas chuvas e pelo transbordamento do rio Paraopeba. Entre as ações estão a limpeza de propriedades particulares e de vias públicas. O monitoramento dos impactos das enchentes está contemplado entre os impactos a serem mensurados e recuperados pela Vale após a tragédia envolvendo o rompimento da barragem da empresa em Brumadinho, em 2019. Amostras de água e da lama acumuladas nas casas de moradores de Mário Campos, São Joaquim de Bicas e Brumadinho foram coletadas e serão analisadas para verificar se contêm rejeitos de minério que teriam sido revolvidos pela força das águas durante a enchente dos últimos dias. A notícia foi publicada por Valor e g1.

 

ClimaInfo, 20 de janeiro de 2022.

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