Dúvidas sobre a sustentabilidade dos jogos de inverno na China

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Na China, os Jogos Olímpicos de Inverno correm o risco de dar continuidade a uma triste tradição: a de não cumprir promessas de sustentabilidade. Sochi, em 2014, resultou em graves danos a um grande riacho e despejo ilegal de resíduos de construção. Quatro anos mais tarde, em PyeongChang, na Coreia do Sul, uma floresta de árvores raras foi derrubada. Na China, a situação não é diferente.

Nem a promessa de compra de eletricidade puramente renovável para os locais dos Jogos – a capital, Pequim, e a província vizinha de Hebei, onde a coanfitriã Zhangjiakou está localizada – evitou o uso de combustíveis fósseis para gerar a maior parte da eletricidade.

Também não está claro como Pequim conseguiu garantir que grandes quantidades de neve artificial estejam disponíveis sem esgotar o suprimento de água, já que a escassez de água em Pequim preocupa ambientalistas.

Há estimativas sugerindo que pode levar 200 anos para que a água encanada na cidade retorne os recursos hídricos aos níveis de 1998. Zhangjiakou, por sua vez, fica a menos de 150 milhas do deserto de Gobi, famoso por invernos frios e secos.

O governo chinês informou que a demanda de água durante os Jogos representará 1,6 % do “consumo total atual de água” no distrito de Yanqing, em Pequim, e 9,8% em Chongli, distrito de Zhangjiakou, sem especificar detalhes. Os dados finais devem ser divulgados apenas após as Cerimônias de Encerramento.

As dúvidas sobre a sustentabilidade dos Jogos da China – e sobre como o Comitê Olímpico Internacional lida com o tema – estão em matérias do Washington Post e Bloomberg.

Em tempo: O South China Morning Post informa que o chefe do Partido Comunista da cidade de Zhengzhou, no centro da China, foi rebaixado pela má gestão das enchentes de julho passado. Ele e o prefeito da cidade receberam advertência disciplinar sobre sua “responsabilidade pelo desastre”. A investigação sobre o desastre concluiu que 398 pessoas morreram ou ainda estão desaparecidas em decorrência das inundações.

 

ClimaInfo, 24 de janeiro de 2022.

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