Consumidores penduram a conta de luz para comprar comida enquanto sobe o lucro do setor elétrico

conta de luz e fome

“Não tive escolha. A conta não para de subir e está tão alta que tive de adiar o pagamento para poder ter o que comer em casa”, contou a catadora de latinhas, Valquíria Cândido da Silva à Folha. “Não paguei a água e cortei outros gastos também, como roupa e lazer. Trabalho para as contas. Os meninos estão na escola, temos gastos com eles, e, por isso, estou economizando em quase tudo”.

As contas de luz e água da Valquíria são 6 vezes mais caras do que eram antes da pandemia. Uma pesquisa contratada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) em dezembro, mostrou que ela faz parte dos 22% da população que deixa de pagar a conta de luz para comprar comida.

Do outro lado do balcão, os lucros do setor elétrico parecem não terem sido afetados pelas contas não pagas. Matéria d’O Globo mostra que as empresas listadas do setor lucraram mais de R$40 bilhões no ano passado. A matéria não detalha, mas é provável que as térmicas devem ter dado um resultado bem positivo, enquanto as bandeiras e empréstimos devem ter evitado que parte delas quebrassem. O sistema segue socializando os prejuízos e protegendo o lucro corporativo.

As chuvas que devastaram parte do país amenizaram as temperaturas no Sudeste e no Centro-Oeste e, com isso, o consumo de eletricidade dos aparelhos de ar condicionado, em janeiro, caiu 2,4% comparado com o mesmo mês do ano passado, quando já havia sido baixo por conta da pandemia. Assim, as chuvas que encheram um pouco os reservatórios, também evitaram um pouco do gasto de água. A notícia saiu na CNN.

Em tempo: Os painéis fotovoltaicos estão, agora, em mais de 1 milhão de tetos. O CicloVivo e a Plurale repercutiram a informação da ABSOLAR. Isso representa pouco mais de 1% dos consumidores de luz do país.

 

ClimaInfo, 25 de janeiro de 2022.

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