Cientistas denunciam guru da política antiambiental de Bolsonaro

Evaristo de Miranda

O hábito de inventar estatísticas criativas para negar a realidade ambiental do Brasil de modo a favorecer o afrouxamento das leis e normas sobre sua proteção – prática recorrente do grupo liderado por Evaristo de Miranda na Embrapa Territorial – foi denunciado formalmente em um artigo científico revisado por pares a ser publicado em fevereiro no jornal científico especializado em conservação ambiental Biological Conservation.

Assinado por 12 cientistas de 5 instituições brasileiras, o artigo intitulado “The risk of fake controversies for Brazilian environmental policies”, denuncia como as “falsas controvérsias” ambientais produzidas pelo guru antiambiental de Bolsonaro afetaram gravemente a conservação do meio ambiente no país. Entre os autores estão Raoni Rajão, da UFMG, Carlos Nobre, do INPE, e Mercedes Bustamante, da UnB.

O artigo identifica impactos em pelo menos cinco áreas: no Código Florestal, na aplicação das multas por crimes ambientais, na demarcação de Terras Indígenas, na criação de Unidades de Conservação, na queima de cana-de-açúcar em São Paulo e nos incêndios em vários biomas.

O estudo também elucidou o modus operandi do falso guru: produzir incertezas, criar pseudo-fatos científicos, fazer mal-uso de credenciais científicas e ignorar a literatura científica. Como destacou a jornalista Giovana Girardi em seu fio no Twitter, são as mesmas táticas dos negacionistas do clima ou das vacinas. Daniela Chiaretti no Valor, Rubens Valente no UOgoverno Bolsonaro L e Bernardo Esteves na Piauí, também escreveram sobre o artigo.

Em tempo: O podcast Entre Vozes, da jornalista Luciana Barreto, traz um balanço das idas e vindas das políticas ambientais brasileiras, analisando o impacto de mudanças na legislação, na fiscalização do desmatamento e na destinação de recursos.

 

ClimaInfo, 26 de janeiro de 2022.

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