Plano para 2031 indica que a energia do país não muda muito

crise setor elétrico

Enquanto a ciência mostra que as emissões fósseis precisam cair 50% até o final desta década, o centro do planejamento energético do país, a EPE, assume que nossa matriz não deve mudar muito até 2031.

A empresa parte de um pressuposto perigoso: nossa matriz já é limpa comparada com o resto do mundo e, portanto, não precisamos mudá-la. Este se soma a outro pressuposto implícito: 75% das nossas emissões vêm do uso da terra e o peso do setor energia é muito pequeno.

É interessante comparar os cenários para 2030 publicados no plano decenal da EPE no ano passado com os cenários para 2031 recentemente publicado. O consumo de gás natural aumenta 11%, o de carvão cresce 21% e o de urânio, 27%. Enquanto isso, as eólicas e solares aumentam 13%. Números na contramão da luta contra o aquecimento global.

Aliás, a mudança do clima ocupa pouco espaço no plano, quase que só em um cenário de hidrologia menor. A responsabilidade do setor energia no aquecimento da atmosfera do mundo, passa ao largo.

O Valor destacou que as hidrelétricas responderão por menos da metade da oferta de eletricidade. A epbr fala que o crescimento da oferta de energia (30%) é um pouco menor do que o da economia (34%). O Globo informa que o Plano prevê a construção de uma usina nuclear até 2031, sem que fique claro se esta seria a eterna promessa de Angra 3. O Canal Energia, a CNN e o Antagonista também comentaram o Plano, destacando a expansão de 37% na capacidade elétrica.

 

ClimaInfo, 26 de janeiro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.