Brumadinho, três anos depois: dor, saudade e impunidade

Brumadinho 3 anos

Três anos da ruptura da barragem de Brumadinho, as chuvas extremas que caíram sobre Minas Gerais fazem as populações das cidades que têm barragens nas suas proximidades temerem uma nova tragédia.

O UOL relembra as vítimas que ainda não foram encontradas e a Folha de S. Paulo destaca o abalo na saúde mental dos moradores da cidade que vivem com medo e/ou vivendo o luto de suas perdas.

“A lama derrubou um patrimônio que não dá para ser reconstruído com tijolos. Levou embora a alma das comunidades atingidas”, registra o g1 em reportagem sobre os sobreviventes. “O nosso sagrado não está na mesa de negociação da Vale. Mas como ela cometeu o crime, ela tem que ressarcir as nossas comunidades”, diz a cacica Angohó Pataxó após três anos da tragédia de Brumadinho em vídeo reportagem da DW.

Quem mora na região sente a espada pendurada na cabeça como o rei Dâmocles. Dossiê do Ministério Público de Minas Gerais mostra que 18 das 31 estruturas de mineração analisadas estão em situação de emergência, segundo informa a Agência Brasil.

As vítimas do rejeitos da mineração vão além do estado mineiro. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) registrou 516 alertas de risco de desastres de origem geo-hidrológica para mais de mil municípios brasileiros monitorados.

Mas será mesmo que as chuvas são as responsáveis? “Os danos provocados pelas enchentes são agravados pela atuação irresponsável de mineradoras gananciosas, companhias hidrelétricas privatizadas, um sistema de licenciamento afrouxado pelo governo e uma política habitacional elitista”, registra artigo da Carta Capital. Os mais atingidos são a população marginalizada dessas regiões. A crônica das mortes anunciadas nas tragédias “naturais” são de um roteiro escrito a partir de um cenário socialmente construído por evidenciar as desigualdades do país. De acordo com a lista da Associação Nacional de Mineração (ANM), atualmente, o Brasil tem 84 barragens construídas com o “método de alteamento a montante”, reconhecidamente obsoleto por especialistas. Entretanto, a realidade com licenciamentos e fiscalizações falhos fazem que empreendimentos que causam riscos à população e ao meio ambiente saiam do papel.

Artigo da Folha de S.Paulo destaca a impunidade retratada em filmes e livros. No Brasil, uma possível federalização do caso pode anular as sentenças da Justiça Estadual, destaca Agência Brasil.

Na Alemanha, uma corte adiou o veredito após ampliar a ação movida por familiares de vítimas e do próprio município de Brumadinho contra a certificadora alemã TÜV Süd – empresa contratada pela Vale para avaliar e certificar a segurança da barragem de Brumadinho, registra DW.

Até agora, a Vale depositou R$ 4,4 bilhões dos R$ 11,06 bilhões que deve repassar ao governo de Minas Gerais como parte do acordo de reparação dos prejuízos. Até o momento não houve punição dos responsáveis pelo rompimento da barragem que acabou com a vida de 270 pessoas, além dos danos ambientais e socioeconômicos, publica Valor Econômico.

 

ClimaInfo, 26 de janeiro de 2022.

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