Morar perto de poços de fracking encurta a vida

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Uma parte importante da produção de óleo e gás natural dos EUA vem do fraqueamento hidráulico, o fracking. Climaticamente, esses poços e os dutos que transportam seus produtos vazam quantidades importantes de metano para a atmosfera. Agora ficou demonstrado que quem vive nas proximidades, morre mais cedo.

No trabalho publicado na Nature Energy, pesquisadores examinaram o histórico de uma população de 15 milhões de norte-americanos vivendo próximo desses poços. Também pegaram os dados de 2,5 milhões de poços espalhados por vários estados. Em média, essa população vive 2,5% menos do que quem não tem vizinhos perigosos.

Pior, quem mora vento abaixo dos poços, vive 3,5% menos. Os autores sugerem que uma maior prevalência de doenças respiratórias decorre de toxinas associadas aos compostos orgânicos voláteis que escapam de poço, equipamentos e dutos. O Guardian comentou o trabalho.

Fiel à sua toada genocida, o governo Bolsonaro lançou no final de 2021 um programa de incentivo à exploração desses fósseis não convencionais, apesar de municípios e estados terem legislações proibindo a atividade. A notícia saiu à época na Folha e na Época.

Em tempo: Todos os fogões a gás têm pequenos vazamentos principalmente pelos bicos que, mesmo fechados, deixam passar um pouquinho de gás. Aqui no Brasil, a maioria das casas usa botijões de GLP (mistura principalmente de propano e butano) que não são gases de efeito estufa. Já nos EUA, estima-se que 40 milhões de casas tenham fogões a gás natural. O gás natural é composto basicamente de metano, gás que tem um potencial de aquecimento global 80 vezes maior do que o CO2 quando tomados num horizonte de impacto de 20 anos. Um trabalho que acaba de ser publicado na Environmental Science & Technology mostra que cerca de 1% do gás consumido nestas residências vaza para a atmosfera. O total de metano que escapa é pequeno quando comparado aos vazamentos de gasodutos ou ao arroto dos rebanhos de ruminantes. Mesmo assim, é das poucas situações onde o consumidor decide. Optar por um fogão elétrico nos EUA ou na Europa tem uma pegada de carbono menor. O aviso mais importante do trabalho é quanto ao impacto na saúde da combustão incompleta nesses fogões e a família de óxidos de nitrogênio, os NOx, respirados por quem pilota o fogão. Isso deve estar acontecendo nos nossos fogões a botijão. A Bloomberg, New York Times, Washington Post, NPR e a AP deram a notícia usando uma comparação que o trabalho faz dizendo que este vazamento nos EUA equivale à emissão anual de 500.000 carros.

 

ClimaInfo, 28 de janeiro de 2022.

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