Preço do petróleo segue subindo e desafiando a transição energética

preço do petróleo

O preço do barril de petróleo passou a marca de US$ 90 pela primeira vez em quase 8 anos e analistas apostam que passará de US$ 100 em breve. Os fundamentos são simples: a demanda cresce mais do que a oferta. A recuperação econômica pós-pandemia deve trazer a demanda para os níveis de antes da COVID-19.

Como contamos esta semana, a China passou a comprar quantidades “chinesas” de gás natural, fazendo o preço do gás disparar no mundo, em especial na Europa. Na falta de gás, queima-se petróleo, ou melhor, seus derivados. Acrescente pitadas de atual tensão entre a Rússia, a Ucrânia e o Cazaquistão. A Rússia é a segunda maior exportadora de petróleo e o Cazaquistão está entre os 10 maiores. Para segurar a alta de preços, a OPEP vem aumentando os limites de produção de seus associados, só que alguns já estão no limite.

Os preços do petróleo e do gás nesses níveis remuneram bem os investimentos na exploração de novos campos e poços, bem como em toda a logística necessária. Só que exigem que a produção siga por mais tempo, atrasando a transição limpa. Além do que, desviam recursos que poderiam estar indo para as fontes renováveis.

Vale ver as análises de New York Times, Economist, Financial Times, Bloomberg. O Valor traduziu um outro artigo da Bloomberg.

A Shell avisou que poderia suprir a Europa de gás caso a tensão entre Rússia e Ucrânia suba de patamar. Um artigo da Bloomberg comenta a oferta, mas pondera que será difícil suprir o terço da demanda europeia que a Rússia cobre atualmente.

Sobre a Shell, uma matéria do Financial Times comenta o anúncio dos lucros da empresa feito esta semana dizendo que o interesse pelas renováveis deve diminuir.

Em tempo: A arrancada dos preços de petróleo e gás complicam ainda mais o esforço de Bolsonaro para segurar os preços do diesel e da gasolina. Apesar disso, segundo o Valor, o deputado Christino Áureo, da base do governo, protocolou uma PEC autorizando os três níveis de governo a reduzirem quaisquer impostos neste ano e no próximo, especialmente os que incidem sobre combustíveis, sem violar a lei de Responsabilidade Fiscal, ou seja, sem precisar de recursos orçamentários para cobrir o buraco. O esporte bolsonarista de tiro ao teto do orçamento segue atraindo praticantes.

 

ClimaInfo, 4 de fevereiro de 2022.

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