Redução do desmatamento pode diminuir custos e riscos de nova pandemia

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Um estudo publicado na 6ª feira (4/2) pela revista Science mostra os custos e os benefícios da manutenção de medidas preventivas para conter o avanço do desmatamento e, por consequência, a ocorrência de novas pandemias zoonóticas virais.

A COVID-19 mostrou quão perigosa pode ser a relação entre homens e animais silvestres a partir da ocupação antrópica de espaços naturais até então preservados. Quando a aproximação ocorre, há maiores riscos de ocorrência do chamado “spillover” zoonótico, quando uma doença infecciosa que antes circulava exclusivamente entre animais silvestres passa a infectar também humanos, e depois resulta no contágio entre humanos, como ocorreu com a COVID-19.

Segundo o estudo, realizado por cientistas dos cinco continentes e destacado em matéria do Valor, medidas como conter a destruição da floresta amazônica, conter o tráfico de animais silvestres e investir na ampliação da vigilância sobre vírus perigosos para seres humanos poderiam evitar gastos de pelo menos meio trilhão de dólares por ano. O cálculo foi baseado nos custos globais com pandemias e no valor das vidas perdidas a cada ano para zoonoses virais emergentes. Ações primárias de prevenção teriam um custo 20 vezes menor.

Para mais informações sobre o fenômeno “zoonotic spillover”, sugerimos o estudo liderado pela pesquisadora Christine Johnson e publicado em 2015 na Scientific Reports. Já o pesquisador Joel Ellwanger publicou um artigo, em 2020, sobre os impactos do desmatamento da Amazônia na saúde pública e na disseminação de doenças infecciosas.

Em tempo 1: Os desmatadores não estão nem aí para os riscos. Um estudo produzido pelo Observatório BR-319 e divulgado na segunda-feira (7/2) mostrou que 15% dos mais de um milhão de hectares desmatados na Amazônia Legal foram perdidos na área de influência da rodovia BR-319. Mais detalhes foram publicados pela Envolverde.

Em tempo 2: A Repórter Brasil voltou à área onde ocorreu o chamado “Dia do Fogo”, como ficou conhecida a operação criminosa coordenada por empresários e fazendeiros do sudoeste do Pará para queimar a floresta amazônica. A reportagem descobriu que, dois anos depois da operação, a área está tomada por plantações de soja. Enquanto isso, os autores da ação continuam impunes.

Em tempo 3: Faleceu aos 88 anos, em Piracicaba, o cientista Enéas Salati. Ele mostrou, no final dos anos 70, como se formam os “rios voadores” da Amazônia, responsáveis pelas chuvas no Sudeste. O óbito ocorreu no sábado (5/2), e a informação foi divulgada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) nesta 3ª feira (8/2). O Prof. Salati foi diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, ocupou cargos na Universidade de São Carlos e na Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável. Também foi consultor do Banco Mundial e assessor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O Estadão e o g1 deram a notícia.

 

ClimaInfo, 9 de fevereiro de 2022.

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