As promessas (e as distrações) dos mercados de carbono

mercado de carbono

Uma investigação feita pela Nikkei examinou quase 100 mil créditos de carbono emitidos por uma das maiores certificadoras internacionais. Quase 40% deles tinham mais de 5 anos quando foram usados para compensar as emissões de corporações.

Um crédito de carbono florestal de 5 anos não diz nada a respeito do estado da floresta hoje. O estoque de carbono que havia há 5 anos, tanto em projetos de proteção florestal como em atividades de reflorestamento pode ter virado fumaça, literalmente. A investigação descobriu que menos de 40% tinham menos de 1 ano. Esta falta de transparência é mais um dos enormes obstáculos que os mercados de carbono terão que enfrentar se quiserem ter um mínimo de credibilidade. O Valor traduziu a matéria.

O pessoal a cargo de regulamentar os dois mecanismos do Artigo 6 do Acordo de Paris negociados na última COP terá que enfrentar este e outros desafios antes de vê-los desempenhar o papel esperado no combate à mudança do clima.

Carolina Prolo, na sua coluna no Valor Investe, dá sua visão luminosa da situação. Ela olha para um dos maiores espinhos, os ajustes correspondentes, explicando que as negociações deixaram claro que os créditos de carbono podem ter três aplicações igualmente interessantes. Quando acompanhado dos tais ajustes correspondentes, podem ser comprados ou aceitos por outro país para cumprir com sua NDC. Ou pode ser usado pelo próprio país que abriga os projetos, para cumprir com seus compromissos. Ou, mesmo sem os ajustes, podem ser negociados em mercados voluntários que não os exijam.

O problema é que a credibilidade dos créditos e de mercados menos exigentes compromete os esforços necessários para o enfrentamento do aquecimento global, razão primeira da existência de créditos e mercados. Akshat Rathi, na Bloomberg, traz esse tema à luz das discussões dentro da Comissão Europeia. Para quem se interessar, Rathi discute esquemas confiáveis para financiar os melhores e mais efetivos meios para remover CO2 da atmosfera e evitar créditos de carbono podres (dodgy credits).

 

ClimaInfo, 14 de fevereiro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.