Expansão de renováveis sobre a biodiversidade da Mata Atlântica

fontes renováveis

As fontes limpas de eletricidade, como qualquer outra intervenção, geram impactos sobre o meio ambiente e a atividade humana nos locais onde se instalam. Em um estudo publicado na PNAS, pesquisadores cruzaram áreas com alto potencial de aproveitamento de vento e sol com áreas protegidas ou de alta biodiversidade.

Chamou a atenção da equipe, a situação do Brasil, quase que única no mundo. Há uma alta superposição destas áreas, especialmente no que resta da Mata Atlântica e no Cerrado da região Nordeste. Trocar biodiversidade por eletricidade não é aconselhável, e um país do tamanho do nosso pode encontrar locais adequados sem tocar em áreas de conservação.

O trabalho faz uma comparação básica: a densidade de energia de um combustível fóssil empacota 200 vezes mais energia do que uma planta fotovoltaica. Daí que a substituição dos fósseis por renováveis pode gerar disputas pela terra com a produção de alimentos.

À exceção da questão no Nordeste brasileiro, o trabalho mostra que as superposições no restante do mundo são bem menos importantes do que se supunha. O trabalho cita uma estimativa de que as eólicas podem vir a ocupar quase 85.000 km2 em 2050, uma área menor do que a de Portugal.

Em artigo no Carbon Brief, os autores do trabalho contam que se surpreenderam  quando viram que uma em cada oito das instalações que se superpõe a uma área protegida, esta última havia sido criada após a instalação da planta.

Eles também dizem que o trabalho é o primeiro no gênero e que dá apenas um panorama geral das superposições. E que a velocidade de expansão das eólicas e solares dificulta o acompanhamento criterioso dos conflitos com áreas protegidas.

 

ClimaInfo, 23 de fevereiro de 2022.

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