Racismo ambiental: estudo evidencia relação entre poluição do ar e bairros pobres nos EUA

EUA poluição ar

Mais um estudo revelou as conexões íntimas entre desigualdade social, preconceito racial e impactos climáticos. Analisando mais de 200 cidades norte-americanas, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley descobriram que as pessoas que vivem em áreas classificadas pelo próprio poder público como “perigosas” estão expostas a maiores níveis de poluição atmosférica do que os moradores de áreas mais nobres.

Os autores do estudo compararam dados sobre poluição com mapas de redlining, uma prática criada nos anos 1930 para identificar áreas “arriscadas” para investimentos e compra de imóveis com financiamento. Não acidentalmente, essas áreas são majoritariamente habitadas por comunidades negras e de outras minorias raciais e se caracterizam pela falta de atenção governamental e altos índices de violência. Esses bairros sofrem com níveis mais altos de concentração de material particulado PM 2,5; ao mesmo tempo, concentram taxas mais altas de doenças cardiovasculares e respiratórias.

“As disparidades do redlining persistem [ao longo do tempo]. Essas áreas agora são mais propensas a ter problemas de saúde, envenenamento por chumbo, asma, câncer de pulmão, doenças cardíacas e mesmo COVID”, comentou Yvonka Hall, especialista em meio ambiente e saúde negra, ao Guardian. NY Times e Washington Post também repercutiram o estudo.

Em tempo: Mais de 170 milhões de norte-americanos adultos em 2015 foram expostos a níveis prejudiciais de chumbo durante a infância, concluiu um estudo publicado nesta semana na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Os autores usaram dados de nível de chumbo no sangue, censos e consumo de gasolina com chumbo para examinar a disseminação da exposição ao chumbo nos primeiros anos de vida entre 1940 e 2015. A análise também concluiu que 90% das crianças nascidas nos EUA entre 1950 e 1981 tinham níveis de chumbo no sangue superiores aos indicados pelas autoridades sanitárias do país como sendo seguros. A Associated Press deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 10 de março de 2022.

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